24.2.05

O GRITO

E o personagem gritou. Não um eco literal de voz e palavras. O grito de uma sensação; aquela, dentro do mar, sentindo o sal, as ondas, a escuridão da noite, o desamparo, água, água, ar faltando aos pulmões, sem destino, querendo sair, cada vez mais submerso...

Explodiu assim. Sem querer. Embora previsível, que o personagem não deveria ser...

Desafogou e caiu no ridículo de si. Respirou e ficou perdido na praia de desejos e idéias sem rumo... Desesperara esperando um milagre. Talvez.

“Jazia” agora, ali, um personagem. Vivo ou morto??? Poderia renascer de qualquer maneira. Cadê forças? Cadê decisão? Onde? Como? Quando? Talvez fosse necessário um purgatório de si mesmo.

Ou um interrogatório. Que fazer? Que fazer? Que fazer? Tantas oportunidades, mas é preciso escolher às vezes. Mesmo que no Agora. Cada curva, mil outros caminhos. O personagem podia ser tudo sempre. Não no Agora. E isso havia sido quase fatal...

Devia então ser só silêncio. Deixar ecoar as vozes de sonhos interiores. E descobrir a realidade a imprimir... Em que acreditar. Dialogar, ao menos, consigo mesmo...

17.2.05

Que personagem vai brilhar???

Apresento-lhes um personagem meio cansado. Quer falar a linguagem mais simples e mais renegada; o amor. Ao próximo. Pela Vida. Pela profissão. Fazer o trabalho com vontade, ajudar para tudo dar certo. Dar um presente ao triste colega, ajudar na dor sem cobranças, cooperar, estender o braço sem julgar. No problema, dar apoio; na vitória, elogiar, sem ser 'parasita' de momentos...

Ao pensar julgar, que se estenda um espelho, para que incompreensões recíprocas tragam à luz diferenças... Maravilhosas diferenças. E dêem a luz do respeito. Necessário respeito...

Personagem que saiba cantar lindas palavras como compreensão, carinho, cooperação, excitação, confiança, sinceridade... Ah, quanto elixir de vida...

Exausto. Não derrotado...

10.2.05

Branco total...

Num só tempo, meu personagem foi saudade, foi quimera, foi desafio, foi novidade, foi referência e referencial, sem deixar de ser labirinto... 'Sobretudo', jaqueta de couro ou nudez de ilusões...

E, no fim...aliás, não gosto desta palavra... No ápice, sabe lá quando chega, é sonho ou loucura??? Seguir ou construir...

Meu personagem quer a paz mundial, mas antes precisa da paz em si mesmo... Tem tanto a aprender... O que urge mais: esperar ou correr novamente???

Meu personagem quer a simplicidade. Daqueles tolos instantes sem explicação. Sem motivos para ser feliz. Porque o sol brilha, porque um dia você sorriu ali e o sorriso ficou pendurado na memória como um chocalho infantil, que se tenta buscar, sempre sorrindo, no prolongamento da sensação...

É respirar bem fundo porque a vida está cheia de 'recordações penduradas'. Poderíamos sacudir cada uma por dia... Como um despertador para ser feliz... No agora, no agora, no agora. Seja o que quer, seja o que for, seja o que escolher; primeiro tem de aprender a ser feliz no agora... Não condicionar felicidade em escolhas incertas ou viajantes...

O 'sobretudo' e o casaco de couro estão guardados. Nem chove, mas escorrem lembranças... O azul brilha meio tímido dentre obstáculos do social... Vermelho-amor fica rubro em covardia.... Verde é o sinal para o devaneio... Branco em possibilidades. De novo. De novo. De novo.