3.1.11

O adeus é que é para sempre...


Os minutos de ansiedade passaram rápido enquanto esperava. Alguém que sempre a fez esperar sem nunca deixar de estar ao lado. Ele chegou com aquele sorriso brilhante, aqueles magnéticos olhos verdes, sua "kriptonita", como já tinha sido apelidado. Mais velho, mais charmoso, cabelos grisalhos crescendo a esmo.

Quantos anos de ausência física dessa vez, dois, três anos? "Não, não faz tanto tempo assim, faz?", indagou ele. Frente a frente, não parecia mesmo. Com eles dois, o tempo era sempre congelado.

Copos e mais copos sem segundas intenções. Os outros quase casamentos. Quase certezas que não vingam e os salvam... A intuição que os une, que os prende.

Como a eterna maré, os pés dele a procuram por debaixo da mesa. O toque de pele é íntimo como se nunca estivessem separados. Ele se aproxima, encosta o rosto e a barba por fazer que ela adora.... Ela diz, antes de se inclinar para beijá-lo: "você está querendo me roubar um beijo, não precisa..."

Depois, ela o afasta, felina e fugidia. Volta aos copos, aos papos, a velhas histórias que os rodeiam, repetidas, misturadas, cheias de coincidências, encontros e desencontros. Voltou a ser aquela velha criança feliz e ele a reconhece, satisfeito, como uma antiga alma pueril.

Sorri, divertida, contando as travessuras da vida adulta. Mais perigosas, mais sedutoras, mais loucas. Fala de suas viagens, entre as muitas que jamais fizeram juntos.

Copos e mais copos cheios de olhares e respirações. Permeados de planos e brincadeiras. Ele ainda quer ser o "escravo sexual"; em outro estado, melhor ainda....Eles gargalham, juntos, imaginando as manchetes de suas experiências, as vividas e as que sonham naquele instante.

Logo vão para a estreia deste carro, para aquela velha praia, aquela velha memória renovada, no selo de vínculos indestrutíveis pelo tempo. De novo, dois adolescentes, porque ainda vibram, ainda sentem, ainda voltam no tempo deles, para eles mesmos. Praia, carro, festa; como crianças, mostram as novas cicatrizes...

Depois, casa. Parados à frente do prédio dela, ainda conversam. Ele desliga o carro, as palavras não se esgotam. De repente, horas depois, dizem, quase ao mesmo tempo, em olhares que se encaram: "então tá". Ele se reclina, encosta a cabeça no corpo dela, enquanto a abraça. Assim ficam, calados, vários minutos.

Aí ela se afasta, olha no fundo dos lindos olhos verdes, diz "tchau", abre e fecha a porta do carro. Sai andando para a porta sem olhar para trás... Alguém disse uma vez que o "adeus" é que é para sempre....