31.5.11

Nos 300 da 700...

Curiosos, esses
espaços vazios
sem móveis
restam memórias

Entre o hoje
e o ontem
a identidade do lar
vai se perdendo

No apartamento
novo olhar de BSB
um recomeço

Na residência
esplêndidas lembranças
um regozijo

E a visita de Gabis
com os mil perdões
amor que não vingou

A chapada do casal amigo
parada do sete de setembro
entre peças e sorrisos

Vestida de bicho-Brasília
com feliz irmã
pseudo-estilista
aguaceiro do novo

Um "estranho", nu
deitado no sofá
com controle remoto
dia de terceiras intenções

O abrigo para visto
a conversa pós-nite
albergue de oportunidades

Nessa cama, nesse sofá
braços e pernas
até demais

E as varandas
do strip-tease voyeur
à gargalhada vizinha
até dormir de conchinha...

Apartamento de terceiras intenções
virou quarteto, soneto
música sexual
até samba, carnaval...

Na janela da alma
sobram fotografias
dias de sol, nublados
felizes ou sonolentos

A lua como testemunha
sempre linda
até nesse eclipse
raro; de renascer

Coisas estranhas
lata de lixo na porta
reclamações do vizinho

Teve de tudo
agora, parede vazias
recheadas de quieto passado




Feliz...

30.5.11

Vício...



Largo o copo
deixo o cigarro
não o vício de você
em cada beijo descarado

São diálogos intermináveis
o que não digo
o que sufoco
em atitudes pouco palpáveis

Largo o juízo
deixo a brisa de sonhos
nesse você, vício

São olhares sem fim
palavra morre tímida
na ilusão disfarçada

Oh, senhor
não tenho forças
não sei convencer
e nem sei o que querer

Oh, estupor
de não saber
a coisa certa
o que fazer

Gastasse eu
metade do martírio
de omitir, em palavras
à alma, talvez, desse alívio

Fadado à poesia
certo, você talvez esteja
pois não se esgota a magia
nem diante de outras rotas

Já quase sou
eu e você
de tantos papos
sonhados e esquecidos

Profana minha memória
nesse não vivido
inconsciente, pulsante
ardente, como verdadeira história

E real, você me olha
sério; eu ignoro você
séria; e me vou...
fingindo correr

Não sei convencer
não sei o que querer
oh, senhor
tampouco esquecer você...

9.5.11

Quebra-cabeça ao contrário no vício de prazer...



Corpo ao meu lado
essa pela branca
esse suor, pelos roçando

É o seu cheiro
tão vivo
dentro, fora de mim

Quando somos um
vejo o brilho dos seus olhos
verdes, esperança de amor

Gosto de enrolar seus pelos
enquanto me fundo ao seu corpo
tomada por cheiros, gostos

Fala baixinho, essa voz
tão doce, envolvente
aí, eu vou, volto

Essa gota de suor
delícia, deslizando por seus braços
no compasso do prazer

É um contorno
de vida, memória
sombra mágica, rotatória

Agora eu o tenho
e o amo tão assim
tão junto, intermitente

Quando ficam lençóis virados
as marcas do seu corpo
tudo é só prazer

Amor, amor, amor
não é escolha
são elos de sentimento

Paixão é essa loucura
de ter, rir, falar, gozar
no contínuo, no "além-agora"

O ultrapassar do prazer
o jogo de memória "colorido"
em um ciclo, sem realidade

Agora, sozinha
seu corpo é o grilhão do ainda
sinto seu cheiro no ar

Mas é como chuva
vem refrescando a alma
é bom, logo passa

Amor, a gente não escolhe
paixão, a gente vive, sofre
no quebra-cabeça ao contrário

Suspiros, suspiros, suspiros
e aí de novo esse corpo
esses olhos, vício de prazer...