4.6.05

Monstro de Olhos Verdes...

Dom Casmurro moderno


Ela estava para todo lado tentando descobrir irregularidades naquele hospital público. O jornal queria a matéria para o dia seguinte, o “furo” do final de semana. Uma verdadeira multidão agonizava, esperando atendimento. Onde ia, havia pessoas querendo fazer denúncias.

Estava entrevistando um paciente que havia esperado 4 horas para ser atendido, quando um médico se aproximou, bastante assustado, dizendo que precisava falar com ela. Entregou um papelzinho, pequenino, com o nome dele, disse que queria fazer umas denúncias em off e saiu apressado.

No meio da entrevista, sem saber o que fazer, ela colocou o papelzinho no soutien e continuou sua “corrida” por descobertas no hospital. Depois foi logo para redação; sempre correndo, escreveu a matéria e teve de sair apressada para encontrar o namorado, que estaria indo visitar a família em outra região do Brasil.

A semana tinha sido uma confusão, os dois nem tinham se visto. Ele a encontrou no motel e, quando ela abriu a porta, ele já veio, cheio de saudades. O clima começou a esquentar. A saudade apertava. Ele começou a tirar a camisa dela e voou o papelzinho.

O bilhete caiu na cama, assim, virado para cima. Rodrigo. Número tal. O namorado ficou louco. Começou a se alterar, ficar vermelho. Ela tentava explicar, inutilmente, que era um médico querendo fazer uma declaração sobre irregularidades num hospital, no qual havia feito uma matéria. Tinha estado “enrolada”, sem bolsa, com gravador, papel, caneta, sem bolso... Guardou ali e esqueceu...

Ele foi ficando mais nervoso. Ela perguntava se ele estava desconfiando dela. Ele dizia que não, mas que ela não tinha malícia. É claro que o médico estava dando em cima dela. Aproveitando-se da situação...

Ele ficava cada vez mais nervoso. Ela resolveu sair e ir para o banheiro, para ver se ele se acalmava. Ele começou a esmurrar a porta e gritar “saia daí agora... quero ouvir você falar com este aproveitador”.

Sem saber o que fazer, também nervosa, ela saiu. Tentou argumentar que era muito tarde, duas da matina. Ele insistiu. Sem saber o que fazer, ela pegou o telefone e ligou para o tal Doutor Rodrigo.

“Oi, que bom que você ligou”. O namorado ficou quase pendurado no ouvido dela para ouvir o que o ‘aproveitador’ estava falando... A jornalista, sem saber muito o que dizer, enrolou o médico, para ele continuar falando.

“Desculpe ter entregue tão rápido o papel para você no hospital, mas não queria que ninguém visse. Fico feliz que você tenha ligado, existem várias coisas absurdas acontecendo lá e preciso contar”...

Como um balão perdendo o gás, o namorado, então, caiu, sentado na cama. Cara de criança que foi flagrada roubando um doce..

2 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo texto. Achei muito bom.

Anônimo disse...

Adorei o texto, Dani...agora, fica a pergunta: isso é totalmente ficção ou não??rsrsrs...engraçado vc colocar esse texto agora...lembra que na sexta a gente conversou um bocado sobre essa questão de confiança...rsrsrs...Bjs!!!