Ele nem mencionava mais o personagem. Ficava em algum lugar perdido da memória, do coração, enquanto lembranças de todas as vidas iam acumulando em frenéticas e inexplicáveis experiências.
Curioso era que, ainda assim, todo o tempo estava sendo cobrado quanto a si mesmo. Você não é mais o mesmo. Você está tão sério. Tão diferente. Tão tão como se as pessoas tivessem a obrigação de parecer igual o tempo todo.... Ora, ora. Nós todos, afinal, somos muitos personagens que se revelam, que se criam, que morrem e renascem.....
E quem é que disse que nossas almas não guardam esses seres? São só momentos diferentes. Quase como vidas simultâneas.
Alguém senta aqui e escreve isso. Qual voz é mandada ao cérebro? Ainda não se sabe uma realidade ficcional de alguém ou uma ficção de si mesmo... Bem controverso como quase todos os personagens são, considerando tudo que carregam dentro de si.
O personagem nunca pensou que pudesse se sentir assim. Faltando a si mesmo, como um animal que não sobrevive sozinho na floresta... Ou fora do jardim, como no esplêndido Being there... Todos nós temos os nossos jardins; lugares onde somos, ou criamos referências de/para nós mesmos. Que deviam estar, dentro do coração, no gesto do corpo e no sopro de palavras ao vento....
Mas creio que o compartilhar de realidades acabe sendo como uma fuga. Um alicerse talvez seja uma alusão menos tendenciosa. Quem nunca observou o simbólico entrelaçar de escovas de dente no banheiro? Quem nunca dividiu um armário? Quem nunca argumentou sobre um programa na televisão domingo à noite....então....cast the first stone.....
Símbolos....Viver junto é mais do que isso. É o comprometimento de não ser mais só você mesmo. Incorporando todos os bons e os maus aspectos da face controversa. Em você e no/com o outro. No final, são vários personagens.....
O personagem nunca pensou que pudesse buscar sossego na casa dos pais. Abrigo. Encontrar o personagem recluso para não ver o fim de um personagem romântico.
É duro quando as toalhas se separam. Quando as camas se dividem. Onde não há mais espaço para dois, fica apenas a metade de um vazio; nada. Na física do amor, dois corpos ocupam o mesmo espaço, porque viram apenas um....
Simbólico again. É como se desfazer da parte de você mesmo que não funciona mais. Que não faz feliz. Que não completa. Mas que faz parte de você mesmo, tão inerente a sua memória. É assim que se chora o fim de algo que já não existe mais, que é só um vestígio do que já foi uníssono... However, it rocks....
Assim se chora o que a imaturidade, a diferença, a intolerância, a falta de respeito, a falta de relativismo cultural já tinham levado a reboque.... Assim reina o vazio. Assim a tristeza pede passagem.... Porque o hábito dorme abraçado. É o primeiro good morning, BABE.
O personagem nunca pensou que seria dividivo em mil pedaços. Reproduzido em mil facetas. Em mil mutações de meioses e mitoses de si mesmo.
Mas é assim. Alguns anos de (in)consciência e a dependência é flagrante. Não importa o susto, o grito e a dor. Os efeitos da droga e a memória do gozo sempre entorpecem. Mas é por isso que o sol nasce de novo todos os dias. Para fazer valer o passado. E para sacudir as novas escolhas.
THIS CHARACTER IS THE LOVE.
2 comentários:
onde anda vc, baby?
bjs Laura
Nossa, profundo... Como você.
Beijocas
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