19.2.10

Tem coisas na vida que não me canso de dizer...

E nem quero deixar de dizer eu te amo. Nem quando o amor não for correspondido. Nem quando houver sofrimento e discórdia. Nem quero deixar de amar, é tão triste descobrir, por exemplo, que um amigo não é tão amigo assim.

Então não me canso de dizer eu te amo, não me canso de abraçar ao mundo - e vez em quando, quem eu não devia... E não me canso de cantar ao meu Porto Seguro, essa cidade maravilhosa, que me encanta, que me salva e que me acolhe em todas as minhas nuances.

Da foliã transloucada à "menina" em busca dos amigos, queridos e saudosos. Quando me vejo triste, assustada, apaixonada, ou qualquer outro sentimento diferente do natural feliz, eu sou só uma menina. E, no Rio, estou em paz com a maravilha que a vida me traz...

Em tantas canções de amor ao Rio, porque, em fevereiro, tem carnaval, numa cidade ainda mais abençoada que o país. "ALucynate", certa vez, disse que o Rio era encantador com a mistura de montanhas, praias, em um mix urbano, louco, frenético, multicultural. C disse, também, que o "Rio is a hard act to follow". L agradeceu por não ter nascido no Rio, já que todos os amigos cariocas não se viam longe do Rio (nem eu, na verdade, mas é sempre a doce espera do retorno feliz...).

Mas é isso aí... é possível lembrar outros tantos comentários, melhores descritos na imagem de um sol, lindo, brilhante, paralelo a uma nuvem, como uma flechada da Natureza, entre o Morro Dois Irmãos, em um democrático Baixo BB, no Leblon, logo ali perto da "comunidade". Nem que eu explique, mais e mais, essa conjunção de palavras e da Natureza vai ser traduzida naquela bela imagem; seguida de "ufa, estou no Rio de Janeiro".

O mar, vários dias, era uma piscina. Brilhando. Um oásis para sensação térmica de 50º. E, querido A, não adianta, pode fazer um calor de 80º, ainda é o Rio onde acontecem coisas únicas. Multidões sedentas - literalmente - ajudando ao atarefado ambulante, para poder beber mais rápido. Ou então, guerra para comprar sacolé de caipirinha... E, no meio, a gente tendo visões de que os carros da polícia eram vendedores da cerveja azulzinha...

No Rio, tem bloco de protesto contra a "institucionalização" dos blocos. Contra essa repressão velada da espontaneidade. Aliás, Rio sem mijo é melhor, mas não custa aliviar os foliões bebuns ou fornecer banheiros em mais número. Afinal, se é para passar a noite na fila do banheiro, muita gente - não fossem os cariocas o assunto... - nem sairia de casa.

Fantasias de todo o tipo. Protesto. Galinhagem. Filmes, livros. Atores. Artistas (eu bem queria ter tido a ideia de sair de Frida, ai, ai; ano que vem, nada original, talvez me anime mesmo assim). De táxi ocupado (?) ou livre (?), a cargo da imaginação carnavalesca de vocês...

O Rio é a galera cantando no ônibus. Gente oferecendo água no engarrafamento. É o biscoito Globo da praia. Gente se prontificando a pintar o rosto de desconhecidos. É o ambulante, parando de trabalhar, para ajudar uma menininha perdida...

Não, não existem palavras. Terça de carnaval. Pouco antes das cinco ( da matina!), é possível encontrar amigos, em festa, como se não houvesse amanhã - esse é o segredo, não? - em plena Lapa. Uma Lapa, borbulhando, em ritmo de celebração. Mesma Lapa onde, no meio da multidão, encontrei um amigo inglês da Amazônia e um ex-namorado...

De novo, Praça XV, telefone sem bateria, onde estão meus amigos? Esbarro neles, os mesmos que estava procurando. E digo esbarrar literalmente, de virar para pedir desculpas...esse é o Rio. É o lugar do encontro. A mim mesma, inclusive; e quem conhece essa criatura aqui sabe que isso é uma confusão de personagens, felizes, mas loucos...

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