5.7.11
Alguém passado...
Um corpo deitado. Com todas as curvas. Todos os desejos. O sono é como o paraíso , onde os sonhos não morrem jamais e cada voz não se levanta para promover a discórdia de uma relação amorosa. A estática de um momento. Singular. Único. O silêncio que não agride. Ao contrário, ilude. Traz, de volta, a ilusão da alegria, da felicidade, um existir junto que parece ter esvaecido no tempo.
Deve ser o que pensa cada ser humano mediante o fracasso de um amor. Mediante o fim de uma paixão louca e sem razão, como todas as paixões parecem ser... Aquela perda de sentidos, aquela turbulência de sentimentos, quase como uma anestesia para os problemas, mas como um elixir para a vida eterna. A ilusão do amor que só se atinge num momento que nunca mais voltar.
Antônio sabia que podia ficar horas ali observando aquela mulher que tanto lhe dera amor, carinho, quase sugando sua alma, tão desacostumada à entrega. Num pensamento bem machista, ponderou que toda mulher devia vir com manual de instruções, para que todas as expectativas pudessem ser atendidas, para que os silêncios não pesassem, para se saber a hora certa de falar, ou rir, qual comentário não fazer e onde a imaginação feminina poderia ir depois de comentários de quatro palavras...
Ele tinha meio que um ritual estranho. Gostava de observar as pessoas dormindo, trabalhando, enquanto fumava quieto. Era como se, por segundos, pudesse captar a essência básica de uma pessoa. Um certo feeling que lhe guiava - muitas vezes erradamente - para caminhos loucos, pensamentos desbravadores, ideias inovadoras, ou mesmo uma compaixão pelo próximo, todas as dores que não sabemos, não sentimos, ou simplesmente vivemos…
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