Como um portal, do lado errado. As mensagens vêm desconexas
e a passagem é para um lugar misterioso, entre o ontem e este, talvez, hoje.
Mas esse hoje já é passado, como a luz que reflete e como a cadeia de
pensamento do segundo anterior.
Vento no rosto, sem preparo, sem pensamento, só o
amortecimento inusitado. Logo ali, mil cartas do passado. Como em um baralho
roubado. Sem campeões, sem xeque mate. Xadrez na vida, mistério sem saída, no
mesmo tabuleiro. De novo.
Mais um boneco, feliz. Mesmos personagens que se encontram.
Mesmo cenário. Diferente cenário. Sorrisos inocentes. Palavras pueris. As
brincadeiras no dia de amanhã. Do dia de amanhã.
Vira a página do roteiro. Hoje, aqui.
A mesma avenida, longa, tão cheia de pessoas desconhecidas. Tão cheia de
memórias, embebidas de saudade. Tem
gosto de comida boa, na praia. Tem cheiro de maresia. Voz alta, nem sonho do
que era hierarquia. Tem vôlei na praia, tem cachoeira, beijo roubado e zoeira.
Tem festa, casamento, presentes e histórias de mil duendes sequestradores de
razão.
São letras de festas. São frases que restam. São beijos que
encantam. São festas cheias de acalanto. São e somos todos nós, em um suspiro
de espanto. Logo ali, você cai em um canto. E a caipirinha de banzo. O beijo
roubado sem pranto. Vozes que ecoam. Mas sou eu. Sou eu. Eu de volta ao meu sacrossanto
paraíso interior.
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