24.2.05

O GRITO

E o personagem gritou. Não um eco literal de voz e palavras. O grito de uma sensação; aquela, dentro do mar, sentindo o sal, as ondas, a escuridão da noite, o desamparo, água, água, ar faltando aos pulmões, sem destino, querendo sair, cada vez mais submerso...

Explodiu assim. Sem querer. Embora previsível, que o personagem não deveria ser...

Desafogou e caiu no ridículo de si. Respirou e ficou perdido na praia de desejos e idéias sem rumo... Desesperara esperando um milagre. Talvez.

“Jazia” agora, ali, um personagem. Vivo ou morto??? Poderia renascer de qualquer maneira. Cadê forças? Cadê decisão? Onde? Como? Quando? Talvez fosse necessário um purgatório de si mesmo.

Ou um interrogatório. Que fazer? Que fazer? Que fazer? Tantas oportunidades, mas é preciso escolher às vezes. Mesmo que no Agora. Cada curva, mil outros caminhos. O personagem podia ser tudo sempre. Não no Agora. E isso havia sido quase fatal...

Devia então ser só silêncio. Deixar ecoar as vozes de sonhos interiores. E descobrir a realidade a imprimir... Em que acreditar. Dialogar, ao menos, consigo mesmo...

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