Às vezes tenho que esforçar-me para lembrar de quem eu era. Tudo aparece confuso e nebuloso. Tantos clichês nos rodeiam. Quem era eu, quem fui, quem sou? Até aí. Não falo de outras vidas, dear baby, que essa já me basta. O tempo urge, cuidemos. Cuidemos desta que aqui está, efêmera e imperfeita.
Que mais tenho que lembrar? Ah, teve um ser chamado Nietzche que decretou que deus está morto. Poupou-me trabalho, mas não me disse quem Eu sou.
A espera sábia pode ser de rara beleza, mas você não acredita nisso. É verdade que no meu armário tenho várias máscaras, não nego. Cada uma mais bonita que a outra, dependendo do ângulo. Essa que porto agora é de cor invulgar. Percebeu? Levou anos para estar assim, com esta máscara tenho tantas habilidades que você nem imagina. Sei saltar de um século para o outro, já já lhe mostro. Tenho também uma toda branca, elegante e assustadora, de impossível decifração.
Um personagem simples, como tantos outros, que transita de dia pela cidade e de noite pela via-láctea. Um personagem bêbado de lucidez…Um personagem eu.
Às vezes tento me lembrar.
Por Leila Silva, 08/03/2005
9.3.05
Persona
[ Este blog traz uma participação especial! O Personagem abaixo foi uma gentil contribuição de Leila Silva; professora, tradutora, escritora, 'nômade', entre muitas outras facetas. Leila é responsável pelo blog Cadernos da Bélgica, um verdadeiro garimpo cultural. Sejam bem-vindos a mais uma viagem... ]
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