17.7.09

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Pisca os olhos e está em cima de uma maca. Nem sente mais o gosto amargo do tal remedinho que mandaram colocar embaixo da língua. Um enfermeiro gigante de um lado e uma moça do outro. O enfermeiro pergunta alguma coisa. Vai saber.

Ele ri. Pensa no interessante olhar sobre o teto. Afinal, ninguém anda olhando para cima. Lembra da fotógrafa da exposição do CCBB. Em um instante, parece uma criança, "acelera aí"... O enfermeiro, sério, responde que tem de ir devagar...

As luzes vão fazendo um retalho de faíscas, emendando umas nas outras, ao mesmo tempo que a realidade de fios aparentes já não parece tão assustadora. Aí entra no elevador e, caramba, nunca tinha pensado que os elevadores têm de ser grandes para caber a maca... Ou talvez já soubesse, talvez já tenha estudado isso. Vai saber...

Pisca os olhos e está dentro de um quarto, em cima da cama, o irmão olhando. Ué, já foi? Ele se mexe e sabe que sim, uma ligeira dor dá os sinais de boas-vindas. A mãe chega e é só imobilidade em cima da cama. Lembra da médica falando alguma coisa, segurando sua mão. A partir daí, é só um abre curativo daqui, muda soro dali, dá remédio, traz comida, acorda, dorme, acorda, dorme, acorda.

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