Já reparou que, muitas vezes, hospitais não têm cara de hospitais? Deve ter a ver com essa coisa da modernidade, de fachada... Ele passou três vezes diante do hospital antes de ler, em letras miúdas, o nome esclarecedor.
A hora, o nervoso, primeira cirurgia da maioridade literal e "não literal". Mas vá lá... Entra no hospital, dá o número do cartão de crédito e deixam ele plantado esperando. Ansiedade? Bobabem, que nada!
Começa a passar mal. Enquanto o irmão estaciona o carro, ele agoniza a espera. Pacientes passando, cadeira de rodas, médica descabelada. Sete da matina. Nada animador.
Corre para o banheiro, passando mal. Olha cada canto do hospital, lembrando histórias de infecção hospitalar, negligência..."foco, vamos lá, se é para fazer, foco".
Volta à entrada, encontra o irmão, já sentado. Um jovem passa com dois sacos cheios de pão. Quentinho. Bobabem, ele só está sem comer há oito horas depois de passar um longo dia comendo canja... Ai, ai.
A luz pisca, uma, duas, três vezes e cai. Fica uma sala acesa: "pelo menos tem gerador", contemporiza o irmão.
A médica chega. Uma face conhecida, graças a Deus. Aliviado, ele levanta e - de forma desconcertada - dá dois beijos na médica. "Você já sabe qual o quarto?", pergunta a médica. 416, ele responde, ou a moça da portaria. Vai saber...
A médica diz que vai esperá-lo no quarto e ele só murmura que ainda está esperando. Na dinâmica não muito dinãmica, chega a enfermeira para levá-lo.
Os corredores do hospital, enquanto é levado, continuam "animadores". Vai vendo a fiação, a conservação. "Eu confio na médica, eu confio na médica", repete mentalmente.
Entra no quarto. "É você o paciente?". Ele olha e responde sim com a cabeça, querendo, quase, fugir. Ai, ai. A anestesista olha os exames, faz algumas perguntas; "que remédio você estava tomando?".
Ele responde que não faz ideia, que só tomou porque estava com uma potencial infecção, mas que há novos exames e que, aliás, ele nunca toma remédio, ele não gosta de ir ao médico, não gosta de hospital... Logo tem de vestir a roupa - aquela da bunda de fora -, fazer isso e aquilo, responder isso e aquilo. Bendita seja a anestesista que já deu logo um "sossega leão" para ele...
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