Ao subir as escadas, coração em disparada. Sorriso desconcertado no rosto. A porta abre, o cachorro late, a criança corre. Ainda mais tímida, Cris nem entrega o presente. O moleque, malandro, bonito, descabelado, cinco anos de travessuras, recebe, de presente, o copinho com desenho e o pacotinho de nozes, castanhas e amendoins adocicados. Olha para a mãe e diz: “ela pensa que eu sou criança”...
Cris tem vontade de rir, mas não sabe se deve; ah, essas teorias de educação infantis... Apaixona pelo projeto de gente do seu Amor e sua espontaneidade. Seu Amor ri também, desconcertado: “desculpe, ele é tão espontâneo, que me deixa sem graça”.
Logo se vê, sozinha, quase enterrada no sofá da sala, procurando algum estratégico “buraco de avestruz”. O moleque lindo e seus pontos de cirurgia correndo, nem aí, pela casa. Ex-mulher, sogra, cunhado, cachorro... faltava o papagaio e tudo mais... E Cris procurava, quase em desespero, pelo seu Amor. Quem diria, ela, logo ela, estaria ali, sem reclamar, no meio de um núcleo familiar, até gostando de conhecer esse pedaço da vida de seu Amor.
Perguntas, perguntas, perguntas. Cris falando com “desconhecidos” que não eram desconhecidos. Eram amores de seu Amor. Ai, ai, ai, my God, a coisa certa... Onde trabalha, você é jornalista, “o que tem de bom na profissão”...ai, ai, ai... A vontade de rir era quase patética.
A ex-mulher do seu Amor senta para conversar. Pacote de nozes, amendoins e castanhas na mão, comendo. “Quer?”. "Ai,que vontade de rir"... O projeto de cachorro pula no colo de Cris, depois de decidir parar de latir para ela. “Ai, fica aqui”, pensa ela, apertando o cachorro e lembrando da brincadeira com os amigos de trabalho: “senta aqui, não tenha tanta pressa, senta aqui”...
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Ela e seu Amor depois.... Ele ri, pergunta; ela, ainda, em estado de “apavoramento”. Ri e ri. Ri mais ainda. Eles lembram as cenas e riem, cúmplices. Ela se joga no colo dele, sente os dedos longos, a mão forte, percorrendo seu rosto e mexendo nos seus cabelos e pensa: “Deus não disse que amar era fácil, disse que valeria a pena”...
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