Não adianta. A memória vai fundo no esverdeado dos seus olhos, na dúvida estampada no seu rosto, no corpo, solto, tímido, amando e sendo amado. No toque rente de seus dedos, deslizando, carinhosamente, pelo meu corpo entregue. Suas mãos fortes, puxando meu rosto, roubando um beijo que já era dado. Seu corpo grande, belo, esguio, seu contorno, na janela, na luz de sonhos que ainda estão – talvez - por vir. Esse sorriso que escapa, tímido, e vem para mim sem resistir, no segundo antes de pensar e temer. Não adianta. Eu me lembro do seu cheiro, seu gosto. Não é mais uma memória ou sonho, é real. É paixão, é loucura. É seriedade no reflexo e no medo dos seus olhos. É passado e é futuro no silêncio do que você não declara.
Não adianta, eu quase vejo seu rosto iluminado de espontaneidade, antes do pensamento, antes da prudência, antes do cuidado. Eu quase ouço sua risada feliz, seu sorriso, no segundo que antecede a ruga na testa e a realidade para aterrorizar. Eu me lembro dos movimentos tímidos e frenéticos, alternadamente, no compasso da paixão, ainda que fugaz, instantânea. Naquele segundo que brilha, no agora não imaginado, aquele, aquele, aquele gozo.
“A vida ardia sem explicação.... não tem explicação, explicação.....”
Segundo Sol, Nando Reis, mas prefiro na voz da Cássia Eller......
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