Todos os dias, Layla lembrava da solidão. Levantava de manhã, cantando, sorrindo, na esperança que o dia a surpreendesse com um amor de "verdade". Cortava os cabelos, dançava, ensaiava os melhores sorrisos. E era, naturalmente, envolvente. Por onde passava, era um rastro de olhares, não vistos, não percebidos pela sonhadora.
Espalhava aos quatros cantos a busca pela metade, pela parte do encaixe, pelo outro lado da cama, para dormir, abraçado, grudado, amor à flor da pele. Assistia aos filmes na televisão, torcia pelos casais da novela e pensava, sofria, 'quando iria encontrar esse novo amor, sumido, distante, que a deixava na solidão'?
Um belo dia, encontrou um rapaz, mais novo, mas bastante obstinado. Ele se encantou, de cara, com a força daquele olhar, com a voracidade das palavras que o devoravam, mesmo quando não ditas. Ele se encantou com o ar desligado da moça, na flor da idade do século XXI. Ele se encantou com o sorriso, de lado, meio que escondendo toda sua força. Ele se encantou com a energia, pronta para ser sugada, dividida, explodida em amor.
Pensativa, cheia de vigor, ela não o via. Continuava, indiferente. Era impossível que ela não o percebesse. Ele, ali, entregue, apaixonado, doido para preencher os espaços vazios. Doido para se redimir do passado e se entregar, de vez. Pronto para o tal amor de verdade, sem problemas, sem poréns. Sem dramas. Ele estava ali, nunca tão consciente de si mesmo, nunca tão aberto, nunca tão flagrante, nunca tão sem juízo, sem cuidado, sem passado. O nunca do presente; sem igual...
Pediu, chamou, disse com todas as letras que queria escrever. De amor, de paz, de construção. Mas só ficou o vazio. O silêncio. E, então, ele se lembrou do passado, da dor, do desamor. Lá se foi, sem olhar para trás; deixando apenas as palavras abandonadas de promessa. Layla voltou para o ex-marido.
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