Parada na porta do restaurante. Andando de um lado a outro. Detestava esperar. Não estava ali mais do que cinco minutos, mas a agonia aumentava.
Atravessa a rua. Cigarro. Cigarro. Se queria parar de fumar, era melhor comprar a varejo... A barraquinha era a solução.
Uma “moça” compra balinhas. Uma mendiga pede centavos para alguma coisa inaudível... Uma fileira informal de “moças” se estende ao longo da rua.
Nem bem comprou o cigarro avulso e o vendedor gritou: “Bora, vamo trabalhar aí... Circulando, circulando...”. Ótimo. Um ambulante cafetão. A diversidade da Lapa... “E eu aqui...” – pensou, já acendendo o cigarro.
Esperando again na porta do bar, mendiga pedindo trocados – “será que estou ficando louca? Isso já aconteceu...”; pensou em como tudo havia começado. Tinha saído de casa no dia anterior, por volta das sete horas, logo depois da visita “inesperada” de um “amigo”.
Em pouco tempo, estava cercada de amigos queridos, jogando papo para o ar, em Copacabana. Uma garrafa de tequila from Mexico. Herradura. Sal, limão. Papo, papo, papo... Uma garrafa de cachaça. 51 mesmo.
Ao longo das semanas de esbórnia, a variedade do bar estava ficando inversamente proporcional aos porres... Papo, papo, papo e.... lá foram à praia.
E como isso acontecia? Logo eram muitos... Dos 4 iniciais, o grupo já estava multiplicado até ilustres desconhecidos. Hotel. Mais garrafa de cachaça, mais outra... Inglês, português, embriaguez...
Gente se exercitando na praia, em todos os sentidos. Banho de mar. Conversas e pássaros cantando... Intermináveis segundos loucos. Mais gente, mais gente. Dá um dois, pega a nota, pega o fósforo, queima idéias, atordoa lembranças...
Piscou os olhos e o dia está lindo... O sol está nascendo. Uma maravilhosa praia. Da multidão para os quatro, para o quarto; só risos. Acende mais alguns cigarros e lá tinham ido dois maços numa só noite...
Abre os olhos. Quantos momentos passaram??? Em horas, ela não sabia... Trabalho, que trabalho??? Quem, quando...
Vamos agitar, agitar. To get up. Voltar às origens. À praia novamente. Será que ela se enganou; tinha mesmo ido no hotel??? Surrounding... Lá estava o inglês...
Tinham comido alguma coisa? Sabe lá... Bebe, bebe, bebe. “Não, não falo italiano”. Fuma mais. So funny. Muitos momentos e “vamos ver um filme?” – perguntou o amigo.
Piscou os olhos e já era noite. Nove horas. Dogville no desejo, na TV; real life outside... É hora de voltar para a casa. Todos até o ponto. Ela pensa: “que casa, para qual casa eu vou? Está, ok...”. Era melhor ir para o apartamento, tinha que pegar o carro de qualquer jeito...
Toca o celular dela. “E aí, qual a boa da night?”. “Não sei, na verdade, eu estava indo para casa”. “Você está onde?”. “Em Copacabana.”. “Está ‘afins’ de beber, tô saindo agora”. “Putis, eu ainda não consegui voltar pra casa...”. “Vamos então...”. Suspira e pergunta: “Onde?”. “Na Lapa, naquele bar de sempre”.
E lá estava ela esperando... Mais alguns copos de vida “confraternizada”...
2 comentários:
Danizinha, esta tua personagem bota pra quebrar mesmo :)
está muito bom, vc escreve mto bem, tem leveza e ritmo. bj laura
Dani, valeu pela visita lá no Cão Sem Plumas... sinta-se em casa.
Agora, caramba.......... muito bom teu texto. Excelente. A personagem tem muita vida e apesar de retratar uma pessoa comum, ela [a personagem] não tem nada de clichê. A ligação no celular foi ótima hehehe, a coisa funciona exatamente assim. Legal ter descoberto vc.
Beijão e bom sábado.
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