1.8.09

Alice retorna ao país das maravilhas

Fabi, querida, resolvi te escrever. Hoje, finalmente, eu me enchi da coragem que precisava. Abri os armários, retirei tudo que ainda restava dele. Calças velhas, jeans tão surrados como andava a nossa relação. Peguei as camisas, as cuecas sem charme e até a havaiana que ele adorava e taquei tudo em um saco, desses de supermercado mesmo, sabe? Meio simbólico tirar aquela tralha, sem uso, do meu armário. Como dizem, para abrir espaço! Mandei entregar no escritório dele, assim, nem precisava me dar ao trabalho de encontrá-lo. A escova de dentes, sei lá, parece ainda mais simbólico; joguei no lixo. Foi como me desvencilhar daquela boca, colocando-a no passado.

À parte disso, ando trabalhando muito, faz tempo que não me sinto tão produtiva. Estou investindo em mim mesma, estou cheia de projetos e futuros clientes. Plantando as sementes dos futuros lucros, literalmente! Também dei uma aula experimental na faculdade e parece que vou ser contratada, então, estou concorrendo para a trabalhadora exemplar do ano (risos!).

No campo sentimental, menina, nem te conto! Meu irmão me apresentou um amigo, um cara super interessante, sabe conversar sobre qualquer assunto, fala mil idiomas, já morou fora, tem um monte de histórias. Bom, ele não é canhoto, mas tem mil outras qualidades... Está pensando em fazer pós-doutourado, acredita?! Trabalha aqui pertinho da minha casa. Bonito (corpo sarado, com uma tatuagem, colorida, ilustrando aquelas costas musculosas: ai, ai!), inteligente, gente boa, engraçado e ainda tem um labrador; sim, um labrador, cachorro que eu amo! Ah, se eu soubesse desse mundão aí afora, já teria saído da minha inércia sentimental há tempos!

Ai, amiga, queria escrever mais, só que acabo de receber um telefonema do amigo do "Encosto"... Aparentemente, ele está na cadeia; encheu a cara e foi pego bêbado, sem documento, dirigindo o carro. Ligou a cobrar para o amigo e quer que eu vá lá para pagar a fiança e buscá-lo... Ai, meu Deus, lá vou eu. Não é ex-namorado, é filho...

Estou indo para um congresso em Brasília, mas, juro, assim que conseguir ficar menos enrolada, vou aí em Sampa, para gente conversar, dar bastante risada e lembrar casos antigos. Quem sabe não levo o novo Gatinho comigo? Garanto que ele nunca foi preso!

Um grande abraço,

Alice

Um comentário:

Anônimo disse...
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