Quase sempre de braços abertos e sorriso largo, como em um mergulho para a vida... Cheia de expectativas, é movida à paixão, à novidade, a prazeres; por vezes, efêmeros, por vezes eternos na memória. Do nada, sem explicações, é como uma criança com um novo brinquedo. Assim aprende os segredos de uma nova profissão, de um novo trabalho, de um novo amor, de uma nova cultura.
Vai mudando, vai vivendo, vai achando o que, de comum, há no mundo. Vai aprendendo, vai sofrendo com diferenças, vai apanhando por confiar, vai seguindo, feliz, a trilha de quem nunca está no mesmo lugar, nem mesmo parado.
Com a memória maleável, para trazer as doces lembranças e perdoar as agruras do mundo. Dolorida de aprendizado, muitas vezes. Com fases de hibernação, de transformação, ou incorporação. Momentos necessários para absorção de tantos outros eus, tantas mudanças, tantos referenciais perdidos.....
Ao olhar para trás, só agradece. Mesmo que perca os caminhos, que apague os passos, que veja o mundo abrir a sua frente, desesperador convite em um leque de oportunidades....a serem escolhidas....Corpo e alma mutável, na cadência errante de existência inquieta.
Ela também se redescobre, sóbria. Aprecia a própria timidez. Quase menina, sem experiência, voz baixa que, sem perceber, às vezes solta uma piada. Menina enrolada, trocando palavras, mediante pessoas desconhecidas. Mas abaixa os olhos fugidios e sorri, de qualquer maneira, abraçando ao mundo, esse aterrorizante desconhecido em pessoas.....
Pessoas de quem depende. Metafórica e literalmente. Um dia para dizer que, também, é necessário estender a mão e simplesmente pedir ajuda. Ser humilde para pedir, para "perturbar" e até para aceitar o "não", pois ninguém sabe o prejuízo da alma livre, ao depender; mesmo assim, outros não sendo obrigados a ajudar.
De peito aberto, ama o novo, ama o desconhecido, ama até os cabelos claros, os novos olhos e ama a imaginação, ama a experiência, ama o depender de um novo alguém, ama o respirar imaginado, o gosto compartilhado, ama o mundo de novidades, ama o amor, ama, até mesmo, o efêmero estar apaixonado. É a vida, todos os dias. O ar que se respira em novidade. Um outro alguém em você. Quando muda, ou quando se redescobre em alguém. Com alguém. Para alguém. E, enfim, sendo novo para outrem.
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