6.8.08

Esse É o cara...

Esse cara me levava para tomar sorvete. Lembro dos passeios mais loucos. Provavelmente a primeira viagem de metrô, totalmente Baby, foi com ele. Ele era capaz de nos levar para passear na Barra, do nada, saindo de São Gonçalo.

Esse cara me deu o meu primeiro computador. Com ele, aprendi a amar o mundo eletrônico. Ele me deu as apostilas de DOS e tantos outros programas antigos que nem me lembro... Porque, afinal de contas, o "usuário" sempre traz o problema que o técnico não sabe resolver.... E aí, é tudo "lama"... Ele também me apresentou, anos depois, o maravilhoso Word, após uma longa tortura de Carta Certa....

Esse cara ouviu vários e vários desabafos infanto-juvenis, pré-adolescentes... Com uma risada gostosa, uma calma, uma praticidade invejável. E uma mentalidade de consciência e paz que só a maturidade poderia esclarecer.

Ele me mostrou cada carro que comprou. Cada novo computador, notebook, ou gadgets que ele conheceu. Ele me contou de viagens, quando eu ainda nem sonhava em ter dinheiro para viajar.

Ele subverteu a lógica militar em minha casa, ao se tornar um maravilhoso morador do quarto ao lado. Nada de deveres. Jogos e computadores. Nada de cama cedo. Conversas até altas horas. Quase renomeou meu cachorro de Torto, deixando até ele entrar em casa.... Fora as guloseimas preparadas para família, por causa do novo morador....

Foi com esse cara que eu ouvi, pela primeira vez, sobre comida japonesa. E que história estranha era aquela de comer peixe cru.... Também com ele, vi aquelas câmeras maravilhosas, cheias de recursos, olhinhos brilhando.... Novidade, era com esse cara.

Ele me acolheu em Sampa, várias vezes, e me levou para restaurantes, conversou comigo até altas horas, sobre a vida, os problemas, o jeito pisciano - louco - de ser. Se pudesse, ele dava o carro, a casa, a roupa do corpo para você. "Daniele, qual o problema? O carro é meu, eu faço o que eu quiser". Com a voz mansa, repetia os argumentos calmamente e era capaz de convencer o cachorro a miar....

Ele me ensinou, indiretamente, a importância do trabalho. Quem quer, corre atrás. E também não deixou de dizer, mais tarde, que o trabalho não é tudo. Para que eu nunca esquecesse de me divertir.

Admiração. Essa é a palavra para descrever aquela criança, miúda, magrela, olhando para aquele cara tão legal. E é assim que essa mulher se sente; uma criança, de novo, desprotegida, querendo lembrar de tantas boas vivências divididas.

Ah, meu querido Leandro, eu vou me lembrar de você em muitas risadas, muitas histórias, nos saltos de asa-delta, nas viagens, nas torres. Obrigado por ter me ensinado tanto. Vou ficar devendo a lição que não aprendo: a perda. E, por favor, coma algumas tapiocas com a vovó por mim...

21.5.08

Goodbye My Lover

James Blunt

Did I disappoint you or let you down?
Should I be feeling guilty or let the judges frown?
'Cause I saw the end before we'd begun,
Yes I saw you were blinded and I knew I had won.
So I took what's mine by eternal right.
Took your soul out into the night.
It may be over but it won't stop there,
I am here for you if you'd only care.
You touched my heart you touched my soul.
You changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I've kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I've been addicted to you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

I am a dreamer but when I wake,
You can't break my spirit - it's my dreams you take.
And as you move on, remember me,
Remember us and all we used to be
I've seen you cry, I've seen you smile.
I've watched you sleeping for a while.
I'd be the father of your child.
I'd spend a lifetime with you.
I know your fears and you know mine.
We've had our doubts but now we're fine,
And I love you, I swear that's true.
I cannot live without you.

Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.

And I still hold your hand in mine.
In mine when I'm asleep.
And I will bear my soul in time,
When I'm kneeling at your feet.
Goodbye my lover.
Goodbye my friend.
You have been the one.
You have been the one for me.
I'm so hollow, baby, I'm so hollow.
I'm so, I'm so, I'm so hollow.

4.2.08

Então diga que valeu.....

Ele nem mencionava mais o personagem. Ficava em algum lugar perdido da memória, do coração, enquanto lembranças de todas as vidas iam acumulando em frenéticas e inexplicáveis experiências.

Curioso era que, ainda assim, todo o tempo estava sendo cobrado quanto a si mesmo. Você não é mais o mesmo. Você está tão sério. Tão diferente. Tão tão como se as pessoas tivessem a obrigação de parecer igual o tempo todo.... Ora, ora. Nós todos, afinal, somos muitos personagens que se revelam, que se criam, que morrem e renascem.....

E quem é que disse que nossas almas não guardam esses seres? São só momentos diferentes. Quase como vidas simultâneas.

Alguém senta aqui e escreve isso. Qual voz é mandada ao cérebro? Ainda não se sabe uma realidade ficcional de alguém ou uma ficção de si mesmo... Bem controverso como quase todos os personagens são, considerando tudo que carregam dentro de si.

O personagem nunca pensou que pudesse se sentir assim. Faltando a si mesmo, como um animal que não sobrevive sozinho na floresta... Ou fora do jardim, como no esplêndido Being there... Todos nós temos os nossos jardins; lugares onde somos, ou criamos referências de/para nós mesmos. Que deviam estar, dentro do coração, no gesto do corpo e no sopro de palavras ao vento....

Mas creio que o compartilhar de realidades acabe sendo como uma fuga. Um alicerse talvez seja uma alusão menos tendenciosa. Quem nunca observou o simbólico entrelaçar de escovas de dente no banheiro? Quem nunca dividiu um armário? Quem nunca argumentou sobre um programa na televisão domingo à noite....então....cast the first stone.....

Símbolos....Viver junto é mais do que isso. É o comprometimento de não ser mais só você mesmo. Incorporando todos os bons e os maus aspectos da face controversa. Em você e no/com o outro. No final, são vários personagens.....

O personagem nunca pensou que pudesse buscar sossego na casa dos pais. Abrigo. Encontrar o personagem recluso para não ver o fim de um personagem romântico.

É duro quando as toalhas se separam. Quando as camas se dividem. Onde não há mais espaço para dois, fica apenas a metade de um vazio; nada. Na física do amor, dois corpos ocupam o mesmo espaço, porque viram apenas um....

Simbólico again. É como se desfazer da parte de você mesmo que não funciona mais. Que não faz feliz. Que não completa. Mas que faz parte de você mesmo, tão inerente a sua memória. É assim que se chora o fim de algo que já não existe mais, que é só um vestígio do que já foi uníssono... However, it rocks....

Assim se chora o que a imaturidade, a diferença, a intolerância, a falta de respeito, a falta de relativismo cultural já tinham levado a reboque.... Assim reina o vazio. Assim a tristeza pede passagem.... Porque o hábito dorme abraçado. É o primeiro good morning, BABE.

O personagem nunca pensou que seria dividivo em mil pedaços. Reproduzido em mil facetas. Em mil mutações de meioses e mitoses de si mesmo.

Mas é assim. Alguns anos de (in)consciência e a dependência é flagrante. Não importa o susto, o grito e a dor. Os efeitos da droga e a memória do gozo sempre entorpecem. Mas é por isso que o sol nasce de novo todos os dias. Para fazer valer o passado. E para sacudir as novas escolhas.

THIS CHARACTER IS THE LOVE.