27.6.11
Saudade desse mar
Volta e meia, essa saudade
Parece loucura, e é
De prazer, descontrole
De gozo, desmaio hipoglicêmico
Perdidos, sempre estamos
Não sabemos caminhos
Dividimos e distanciamos destinos
Mas nossas vozes ecoam recíprocas
Não é paixão
Não é amor
Não é só sexo
Não é só diferença
É apenas o flagrante da entrega
Doação instantânea que cobra
A fatura do prazer
A feitura do viver
E a nao-promessa sem esquecer...
19.6.11
À irmandade...
Um menino
Sério como eu
Nas horas vagas
Poço de sinceridade
Carrega, em cada palavra
A simplicidade
A bondade
Só aconchego
Um menino
Completa frases
Invade verdades
Sem sobrar
Inspira sorrisos
Arranca gargalhadas
E me faz temente à amizade
No alto teor etílico-sexual
Um menino
Oferece a força-abraço
Fecha os olhos, sofre junto
Este grande homem
Fácil imaginar
Tardes telefonemas
Noites de risadas
E papos sem fim
Da divulgação científica
À crueza humana
Conversamos sem palavras
Lembro noites mal dormidas
Felizes, loucas e vividas
Dessas, de amigos eternos
Um homem
Oferta de pai
Ao filho não nascido
Aquele que dividiu momentos
Choros; mútuo conhecimento
E risadas sem começo nem término
Um bom amigo
Desses para agradecer
E não esquecer
Não vamos chorar
Ainda há muitos versos
Por escrever e viver
15.6.11
0 x 0
Olha para mim
com esse ritmo
de filme, show
de vida, pornô
Eu penso demais
você diz
mas sorrio
encanto mais
Olha para mim, amor
com essa loucura
mistura de cor e sabor
Eu penso demais
você arrisca, entrega
corre atrás
Eu não olho
não posso
fico porque não
reflito
Que não amo
não flutuo
não aprendo
apenas gozo
Olho para ternura
com esse desespero
de querer a loucura
Você sou eu
em outro alguém
deixado para trás
9.6.11
Aquarela hoje
Sete patinhos no lago, um casal atrás (patos também? ), céu brilhando, sol a pino. Desses dias que não se acabam mais de beleza.
Reflexo de luz brilhando na água, tapete de sonhos atirados da alma a esmo.
Lá longe, a ponte de ilusões, entre a infância e o ser adulto; os peixes coloridos, as pipocas misturadas e os pássaros para completar o quadro.
Quadrados, doces, flechas e sorrisos em nuvens amontoadas no contraste com azul de possibilidades no céu.
Tem também o vento desenhando ondas na água e fazendo canções com as árvores bailantes.
Casais de namorados, namoradas, vivendo essas epifanias românticas no paraíso da Natureza.
Um grupo de adolescentes gritando ( redundância talvez?) em poses e fotos de espetacular cenário.
Ah, um piquenique. Com violão e bicicletas. Garrafas; refrigerantes e cervejas. Escadinha de família... Voei até Black Point, passei pelo sítio do vovô e voltei....
Acho que sou esse pássaro, que vai e volta, dá uns rasantes, visita as árvores, busca o céu e volta extasiado... mas ainda não o vi parar....
A Natureza, inerte, esperando, até o sol partir e dar espaço à beleza da noite, das estrelas....
Claro, esse texto não tem fim...
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