18.6.05

Viagem no tempo

Com a mochila nas costas, simbolicamente, as lembranças pareciam mais pesadas... As horas passaram arrastadas, como se um processo estivesse se estabelecendo. Ver a vida com os olhos de ontem...

Num instante, as mesmas ruas, os mesmos medos e um torrencial aguaceiro de planos pra enlouquecer. Aqueles que você não chegou a realizar, mas foram tão amados, tão idealizados...

O cachorro late, abana o rabo, contente, como se um mundo de outras vivências não tivesse atravessado suas simples existências. Como se meses e meses morressem no instante do reencontro. Ali, aqueles olhinhos azuis brilhando, pedindo carinho, de barriga para cima, na simplicidade que os humanos parecem nunca alcançar.

Andando e lá está o cão. Atrás do personagem. Como sombra de passado e de afeto. Um banho e ele a esperar, como quem, inocente, ignorou anos e anos, algo que, agora, nada mais eram que olhares se cruzando. Ali. Parado. À porta. Humilde.

Fuma um cigarro, olhinhos azuis como companhia. Rodeando; talvez buscando o tempo perdido. E o cachorro espirra, pede comida, olha a corrente. Ah, os passeios...

E por onde vai, lá está o melhor amigo do homem, como o passado, que insiste em chamar, em brilhar por meio de maravilhosos momentos. Cada canto, uma recordação, quase viva. Independente.

Mas é só o ontem. O personagem abaixa os olhos e sofre, de leve, sem responder as perguntas de continuidade. Sem querer pensar. E que seja. Uma feliz viagem no tempo de você mesmo...

Um comentário:

Laura_Diz disse...

Gosto do que escreve. laura