30.12.06

Being Joe

At first sight, she looks serious and inflexible. Nevertheless, this same woman is capable of dancing in front of all IELTS classes, just to entertain them during the final minutes before a test. Despite being Australian at heart, she likes to remember British songs and also to speak about her childhood. Spontaneous. Emotional. Friendly. Sincere. Happy. There are many adjectives to describe Joe Robertson, a thirty-six-year old teacher, who loves her profession as can be seen in her classes.

Joe can burst into tears if a student has his visa denied. Discovering that a girl is pregnant and is going to get married, she can smile enthusiastically. Returning from holiday, she can as for apologies for not having been there, even though she has had a lot of fun.

Although she is a teetotaller, with her childish ways, sometimes she can look drunk, speaking to herself, smiling, doodling and even singing. Bringing, however, happiness to her students and friends.

A strange virgo. She does not write on the whiteboard a list of the things she has to do, having lots of sheets of notes instead. Nevertheless, it is impossible to find anything on her desk.

With reference to math, she is a marvellous English teacher… Sometimes her class has 10 students, or 13… and independently of how the tries to divide the group, it never works…

Indirectly giving her students an example of how life is, when they make a mistake, she is always offering “one more try”. In addition, sometimes she asks “once more”. Marking the characteristic snappy speed of her class, she can also complain “too slow”. It does not matter how many attempts are made, because you will end up just doing it…

Joe seems to know when her students have not been paying attention in the class, or if they have not done their homework. As a result, she will certainly ask them something. Indeed, she can make them change their handwriting or the way they move their lips to speak. Anything to improve English and IELTS grades!

Gluttony is another curious aspect of Joe’s personality. If you want to attract her attention, you just need to offer any kind of food. Listening to the rustling sound of plastic or any other type of packet, she stops what she is doing, searching for the origin of the sound, with her eyes shining…

It is thought that diversion is one of the best ways of learning. Coincidence or not, naturally this woman teaches with jokes and funny comments. Have you heard about Television-God? Ask her. Additionally, as she says, God is inside ourselves all the time… For instance, whispering “ Joe, you should not eat one more chocolate”.

Yes, she is crazy, funny and friendly, yet competent and strict. If you have classes with mad Joe, be prepared, because you will do a lot of homework! With regard to it, repeating her words, “do not be sad about red-pen corrections, because this is the colour of love”. Moreover, you need to go shopping urgently, so as to buy color highlighter pens to make life pink, blue and green with her…

20.12.06

His name could be Ricard...


A short man with beautiful blue eyes. For his close friends, a special bloke, known as Jac boy, despite his 39 years old. Additionally, it is really difficult to see Jac without a sympathetic smile on his face.

This guy, with a nice French accent, is capable of ¨seducing¨ you in a 20 minute-conversation. Experienced, he already lived in America; therefore he speaks Spanish fluently. He can also talk about Europe, wine, cheese or some of his interesting trips.

A good nightlife-partner, he can keep his behaviour, even having drnk liters of beer or other kinds of alcoholic drinks. Gentle, he is always offering drinks to all his colleagues. In Brisbane, he was the single sober one on a memorable trip to Nimbin with his friends. As he loves cinema, he could be easily found at South Bank, or dancing salsa with Latin aptitude.

A good cook, he loves inviting his friends to have lunch or dinner. If you are going to have a meal with him, do not be surprised if he offers you the aniseed-flavoured aperitif; Ricard. As French like to joke, "a Ricard or nothing".

His apartment was like a hostel where his friends had free access all the time. Where you find Jac, you will find him surrounded by friends in a celebratory mood.

Inventive, he was capable of starting a relationship with a Venezuelan woman over the Internet, surprising all his friends when he decided suddenly to go to Venezuela. Some weeks there, in South America, with Jac Boy, and she came to Australia immediately afterwards.

When his Brazilian friend was sad because her grandfather was in hospital, away, in Brazil, he was worried about it, trying to help her with sweet words. In another moment, his Mexican friend got sick, and he was the first one to prepare special surprises, in order to make him happier.

Barbies, crazy nites in the Valley, dinners in Riverside, trips around Brisbane; many conversations, either in his apartment, or in the “famous” Story Bridge pub, traditional meeting point; certainly, a lot of cultural interchange and unforgettable memories that his mates have. With regards to his friends opinion, Mr Jacques Rouaud is that kind of person that is always close to you, even having all the oceans between each other.

14.10.06

Personagem myself...

Prefere ser esse paradoxo ambulante…

Uma pessoa que coloca o MP3 no chaveiro de casa, para não esquecer a chave… Segundo um amigo, é exagerada e verdadeira como a Dalila da música do Cazuza, cantor que, aliás, adora. Teve o seu momento Madonna, Roxette, INXS e até menudo (confessa…). Atualmente, escuta de Legião Urbana a Damien Rice, passando por Almir Sater…

Adora cabelos lisos; nas outras mulheres… Vive mudando a cor e o comprimento dos cabelos. Mesmo “Narciso”, se pudesse, passava uns dias num outro corpo, só para variar um pouquinho.

Do signo de peixes, como diz o ditado: “morre pela boca”… Normalmente diz o que pensa e vive se metendo em encrenca. Procura entender o outro lado e as atitudes dos outros, por isso, reflete demais, demais, demais. É do tipo que pensa, pensa e pula no abismo…

Nunca lembra nomes de filmes e atores, mas é capaz de citar diálogos inteiros dos filmes preferidos. Não consegue guardar os celulares dos amigos, mas ainda lembra os telefones dos amigos de infância.

Capaz de calçar meias diferentes e sair com camisa ao avesso. Adora um jeans surrado e uma sandália de dedo. De preferência, descalça. Um pretinho básico também vai muuuuito bem.

Detesta esperar e enlouquece em engarrafamentos. Movimento, movimento... Tem dificuldade para ficar quieta, mas, igual criança, colocou um filme, vira estátua. Aliás, adora crianças, sendo capaz de virar moleque junto e rolar na grama. Entretanto, costuma brincar que crianças têm prazo de validade, antes que “a pouca paciência se acabe”.

Apreciadora de uma boa noitada numa disco, num pub, ou enveredando pelos segredos de um bom livro. Com os amigos, está sempre feliz, não importa o lugar.

Detesta frustração e sabe o “nome” das suas - poucas, felizmente. Tem um “joelho de Aquiles”, mas adora andar. Se deixar, gira o mundo, devagar e sempre. Adora viajar e conhecer novos lugares. Porém, considera o próprio lar um local sagrado, onde os amigos têm passe livre. Por um amigo, aliás, é capaz de levantar às quatro da matina, embora deteste ser acordada… Não importa onde esteja, carrega os amigos em cada lembrança do coração.

Prefere sorrir a chorar, mas, sentimental, é capaz de se entristecer vendo comercial ou se debulhar em lágrimas vendo “Lassie”. Ama os animais que, para ela, representam sinceridade, pureza e lealdade.

Ama qualquer máquina fotográfica: digital, manual, ou das bens antigas. Adora escrever e diz que é como a alma escorrendo pelos dedos. Tem dificuldade de viver sem computador, sem internet, mas adora passar longos períodos no meio do nada, curtindo a Mãe-Natureza e recarregando as energias. Banho de mar, camping, salto de asa-delta, trilhas, pesca…

Não come carne vermelha, porém é louca por chocolate. Troca uma refeição por salada de frutas, com gostinho de infância e manga do sítio do vovô; manga tirada do pé, que, segundo o tio, dá gosto de vê-la comendo, lambuzando todo o rosto… Boa de garfo, é tarada por sorvete de flocos, camembert, camarão, calamaris, petit gâteau, pizza de quatro queijos, pão de alho, ceasar salad, salmão ao molho de maracujá, lula à doré, frango à francesa e qualquer prato da culinária mexicana. E, quando está longe, morre de saudade do caldinho de feijão, seja do Arco do Teles, Na Pressão, wherever…

É alérgica à maioria dos remédios. Fraca, capaz de dormir com novalgina. Mas bebe como um gambá; expressão que adora. Nunca bebe quando dirige. Por isso, fim de semana, quando tinha carro, quase sempre o carro ficava parado na garagem…

Para os amigos do trabalho, é sempre uma surpresa o fato dela fumar, beber e saber se divertir como ninguém. Para os amigos de farra, inacreditável a seriedade no trabalho.

Danizinha, Dani, Danita, Dan Dan , Dã, Cris, Little Dani, Danielita, Possum… Não importa o nome, ela prefere ser um paradoxo ambulante do que ter aquela “velha ( ‘e imutável, padronizada’) opinião formada sobre tudo”!!!

28.8.06

Não existe a última lágrima

Sentado na sala. O teto é bem alto, mas não está frio. O corpo está cansado. Confiro o extrato do banco. Um filme estranho passa na televisão. As vozes em inglês aindam ecoam na minha mente de um dia inteiro ouvindo outro idioma no trabalho.

A viagem no fim de semana foi cancelada porque tenho de trabalhar. Entao, sabado à noite tem jantar na casa de nossas amigas. Domingo, festa do pessoal do trabalho. Chris não reclamou do cancelamento da viagem. Ela agora dorme deitada sobre minhas pernas que, embora esticadas, começam a ficar dormentes. Com uma das mãos, acaricio seus cabelos lisos e castanhos. Na outra mão, brinco com um copo de vinho. Uma estranha sensação de lar invade minha alma.

Ouço os cachorros latindo na casa da frente. As always… Os carros passam e também posso ouvi-los. Pela janela, posso ver a lua no céu. Linda. Que paz de espírito!!! Meu pensamento voa longe, mais distante que a luz, profundo no coração, para um conturbado passado.

Chris remexe, abre os olhos e olha para mim. "Are you crying?", pergunta ela, enquanto passa o dedo delicadamente pelo meu rosto e recolhe a lágrima, que ia escorrer do canto do olho direito. Seus lindos olhos azuis me encaram, doces. "I am only tired, Baby. Sleep.", respondo. Ela nem pensa e volta a dormir, sonâmbula. Quase um anjo.

25.7.06

Seja como for...

Estava aqui pensando... que personagem pode ser tão feliz.... Amigos tão verdadeiros. Que amam como você é, meio torto, meio indefinido, meio na dúvida quanto aos mil destinos que a vida seduz... Ah, esse é para ser daqueles textos declarações de amor. Desses raros momentos de contemplação de seres. De pessoas. Que não me canso de enaltecer...

Um dia na vida, um tolo personagem chorou o amor que não declarou, que não deixou escorrer, que, temia, fosse desconhecido. Esse mesmo tolo personagem pensa em cada um que ainda conheceu e que já cruzou de novo sua “tola” existência desde então. Ah, esses seres, tão errôneos, tão instáveis, sentimentais, cruéis, egoístas, com cada defeito que só o amor sabe amar. Defeitos em espelho ou defeitos que só um amor verdadeiro sabe sobrepujar.

Esses amigos que lembram deste personagem farrista, marcando e desmarcando repetidas e inéditas esbórnias. Este meu personagem que não se cansa de dizer e amar e lembra de cada sorriso, cada abraço, cada palavra gentil naqueles idiotas momentos de beco. De tristeza. De buraco sem fim. Ou de alegria desmedida.

Este personagem, eterno saudosista de viagens. Viagens. Viagens que permitem o convívio. O estreitamento de laços. O testar de problemas e consciências de paz. De grupo.

Quando um geminiano diz eu te amo. Quando um leonino respeita alguém. Quando um ariano ouve. Quando um libriano decide. Quando um escorpião abre as portas e manda embora. Quando um sagitário libera para a pretensa liberdade. Quando um capricorniano manda viver o inusitado. Quando o canceriano esquece a família e lembra do indivíduo. Quando todos os amigos agem no que acham que é o que vai te fazer feliz... Quando simplesmente um não faz diferença. Mas dois. TrÊs. Uma consciência de momento. De grupo. De sentimento.

Que personagem seria louco de largar? Porém, meus caros, isso não se larga. Descobre ele, eu, o personagem, que amor não deixa de existir, mesmo quando não se diz, mesmo quando se propaga. Ele paira no ar. Como vertigem na montanha, como lembrança, ainda que numa memória misturada, distorcida, requebrada entre individualidade e existência no mundo. Para ser livre é preciso ser tão preso...

Paradoxo de viver que sou eu. E cada pedacinho de mim que representa vocês. Que vai comigo, sempre. Conosco. Com cada personagem que carregamos. Em nós e nos milhares de outros que carregamos. Seja como for....

E que seja como for...

12.7.06

Personagens em dieta....

For those of you who are always dieting and watching what you eat...

1)The Japanese eat very little fat and suffer fewer heart attacks than the British or Americans.
2)The Mexicans eat a lot of fat and also suffer fewer heart attacks than the British or Americans.
3)The Japanese drink very little red wine and suffer fewer heart attacks than the British or Americans.
4)The Italians drink excessive amounts of red wine and also suffer fewer heart attacks than the British or Americans.
5)The Germans drink a lot of beer and eat lots of sausages and fats and suffer fewer heart attacks than the British or Americans.

Conclusion: Eat and drink what you like. Speaking English is apparently what kills you.

17.5.06

We've got to fulfill the book

Redemption Song - Bob Marley

Old pirates yes they rob I
Sold I to the merchant ships
Minutes after they took I from the
Bottom less pit
But my hand was made strong
By the hand of the almighty
We forward in this generation triumphantly
All I ever had is songs of freedom
Won't you help to sing these songs of freedom
Cause all I ever had redemption songs, redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds

Have no fear for atomic energy
Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look
Some say it's just a part of it
We've got to fulfill the book

Won't you help to sing, these songs of freedom
Cause all I ever had, redemption songs, redemption songs, redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look
Yes some say it's just part of it
We've got to fulfill the book

Won't you help to sing, these songs of freedom
Cause all I ever had, redemption songs
All I ever had, redemption songs
These songs of freedom, songs of freedom

1.5.06

Estou deixando a vida me levar...

Vou deixar


(Skank)

Vou deixar a vida me levar
Pra onde ela quiser
Estou no meu lugar
Você já sabe onde é

Não conte o tempo por nós dois
Pois a qualquer hora posso estar de volta
Depois que a noite terminar

Vou deixar a vida me levar
Pra onde ela quiser
Seguir a direção
De uma estrela qualquer

Não quero hora pra voltar não
Conheço bem a solidão me solta
E deixa a sorte me buscar

Eu já estou na sua estrada
Sozinho não enxergo nada
Mas vou ficar aqui
Até que o dia amanheça
Vou esquecer de mim
E você se puder não me esqueça

Vou deixar o coração bater
Na madrugada sem fim
Deixar o sol te ver
Ajoelhada por mim sim
Não tenho hora pra voltar não
Eu agradeço tanto a sua escolta
Mas deixa a noite terminar

Eu já estou na sua estrada
Sozinho não enxergo nada
Mas vou ficar aqui
Até que o dia amanheça
Vou esquecer de mim
E você se puder não me esqueça
Não não, não quero hora pra voltar, não
Conheço bem a solidão me solta
E deixa a sorte me buscar
Não não, não tenho hora pra voltar, não
Eu agradeço tanto a sua escolta
Mas deixa a noite terminar!

22.3.06

Enjoy The Silence

Enjoy The Silence
Depeche Mode
Composição: Martin L.Gore

Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can´t you understand
Oh my little girl

All i ever wanted
All i ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable

All i ever wanted
All i ever needed
Is here in my arms...

7.3.06

Carta de um personagem

The Unsaid

Faz semanas que não sei de você e às vezes parece que há uma vida inteira entre nós. De novo. Tenho pensado em você cada segundo do meu dia. Posso lembrar de extensos e intermináveis diálogos imaginários com você. Imagino o desabafo, a risada, o aconchego. Penso nos seus doces olhos, sempre como o céu, imprevisíveis, lindos, variáveis e inalcançáveis... Penso nos seus lábios, sua língua procurando a minha, quase sinto o toque suave, o carinho, o encontro de peles; tremo sozinha e me calo.

Imagino como você deve estar. Bem? Espero que sim. Lembro do seu pai, sua família, seus problemas, sua vida. Preocupo-me, preocupo-me. Demasiadamente. Então me recordo que sou a mentira, que sou o jardim secreto, cheio de rosas e espinhos. Que sou a lembrança sofrida do passado. Que sou a dor esquecida num canto da memória. Que sou a dúvida, sou as possibilidades sem certeza.

Lembro que, para você, posso ser a agressão. A falta de comunicação. Para você, posso ser muito pior que uma situação sem saída. Que eu não entendo e (repetidamente) jamais me fiz entender. Como eco, vêm as palavras “prefiro que saia da minha vida”, “eu queria a sua amizade”... Então eu simplesmente me enterro em mim mesma e não sucumbo ao impulso de ligar para você, pedir perdão por qualquer coisa, dizer que amo você mais do que nunca e que me sinto ausente, perdida, longe de você.

Outro dia eu li um conto, inspirado em fatos reais. Publicado por um terapeuta, reproduzia a carta de uma paciente. Tempos depois, ela afirmava que ninguém é capaz de viver bem, amar, verdadeiramente, se não é capaz de viver sozinho, de se amar. Por Deus, como eu, logo eu, fui também enveredar por este caminho de viver um outro alguém, de se perder num olhar, de desviar a rota para cruzar um caminho. E ficar ali. De verdade. No melhor sentido que essa tola palavra puder ter.

Tento me lembrar todos os dias o quanto sou feliz, o quanto tive domínio sobre minha vida, minhas escolhas. Quantas pessoas boas eu tenho o privilégio de conhecer. Quantos momentos felizes perpassam minha vida. Mas então eu lembro do seu sorriso, sua voz e tenho aquela sensação da gargalhada no ar. De um arco-íris sumindo, um espetáculo que se faz e se desfaz num piscar de olhos. Como uma pegada, marcada na areia, no peito, na alma e então só há vestígios, daquilo que não mais se ‘sabe’.

Dentro de mim, carrego a certeza do que não sei. Irônico, não? Carrego um sentimento tão intenso que se esgota em palavras; tolas explicações. Diante disso, só lembro de você e cada segundo que não estive e não estou – nem virtualmente- ao seu lado. De que vale isso tudo sem você, sem saber de você? É tão magnânimo, se me permitem ser assim, mais uma vez exagerada, que não importa o uso, mas a existência, como uma pequena chama. Se sou amiga, se sou namorada, amante, parceira, ouvinte... Este sentimento tudo abriga.

Situações, vaidades, angústias e saudades nos arrastaram em desentendimentos, mas o inexplicável se esconde detrás desses sentimentos vis. Penso, penso nisso com tanta força, que me lembro que eu acredito nisso. Eu, logo eu, eu acreditei, eu fiquei, eu me torturei de frustração e saudade, crendo que algo iria, por fim, encaixar-se... Mas... Você disse vá... Você soltou as amarras, de vez, do que parecia uma conexão inexplicável. Você desacreditou na ligação. Fez com que, de uma vez por todas, eu me achasse lunática por não pensar, não entender, porém, ainda assim, sentir tão vibrantemente.

E, nesse instante, volto a ouvir a sua voz imaginária dizendo para eu sair de sua vida, para eu deixar você em paz, de uma vez por todas. Para eu permitir, com minha ausência, que você volte a essa vida, que é só sua, que só você sabe, à qual não pertenço.

Nesse mundo tão seu, na qual vaguei em sensações, sem palavras. Feeling. Feeling. Marcos daqueles “telefonemas tremidos”, daqueles silêncios de expectativa. Daquela espera febril pelo encontro físico, carnal e metafísico... Aquele, aquele abraço, que, como num filme, isolou-me, com você. O mundo ao nosso redor, numa Paraty histórica, da nossa história. Aparências, capas nossas, que se reconheceram num olhar, num sussurro de nomes. No sopro de desejo e paixão.

Parece aquela coisa de cinema. Fora da realidade. Eu vejo você cruzando o salão do hotel e, em meio a animais que me distraiam, sua aparição na minha frente. Materialização de sonhos. Estrela cadente na minha cidade. Rosto cansado. Meus problemas. Seus problemas. Tantos...

Aquele beijo, olhos nos olhos, seu corpo rente ao meu, uma eternidade em segundos. Eu sinto seus pés sob meus dedos, num momento em que a tela enorme do cinema parecia uma realidade paralela. Seu calor, seu cheiro, presença tão real ao meu lado, como se eu entrasse em você e sentisse você, de novo, em mim.

Meus lábios, depositários de tanto desejo, repousando nos seus braços, frenéticos, seu gosto imaginário correndo nas minhas veias, paisagem correndo, do lado de fora, do ônibus e da vida de outros. Quaisquer outros.

Seu beijo, no meio da praça. Tanto medo, tanto medo, tanto desejo, meu Deus. De mãos dadas, como crianças, na liberdade de um momento. Na liberdade etílica. Na liberdade de sentir.

Como adolescente, não largando o amor, na porta de casa, na porta do hotel, numa rodoviária, no saguão de um aeroporto. Sempre, sempre me despedindo, a cada segundo, dessa ausência em mim mesma, que você deflagra.

Eu sinto, sinto, sinto... Mas, no final, volto a ouvir a sua voz imaginária dizendo para eu sair de sua vida, para eu deixar você em paz, de uma vez por todas. Para eu permitir, com minha ausência, que você volte a essa vida, que é só sua, que só você sabe, à qual não pertenço. E, como você, eu sinto, eu sinto muito...

'Cris Liebe'

11.2.06

Honey, Are You Straight Or Are You Blind?

Honey, Are You Straight Or Are You Blind?
Elvis Costello
Composição: Indisponível

Who do you see when you turn your eyes down?
Who do you see when I’m not seeing you?
The news is out all over town and all these girls
Are taking turns at being you

Chorus: Well, well, well
You’d better make up your mind
Honey, are you straight or are you blind?

She’s coming in between us you know that she is
I’m not holding on to her but one of us is
My hands are in my pocket, my face is in a book
She could walk ‘round naked and I wouldn’t sneak a look

Chorus

Honey are you straight or are you blind?

She walked in and your eyes flew out the door
You squeezed my hand ‘til the circulation ceases
She’s just a doll like so many more
She’s the kind of doll that you’d like to pull to pieces

Chorus

Well, well, well
You’d better make up your mind
Honey are you straight or are you blind?

6.2.06

É só um carro? É energia de viver...

Sonho de consumo no imaginário popular. Mas é só um carro. Um abrigo, aconchegante, onde este humilde personagem pôde ir e vir

É só um carro, mas foi um símbolo pessoal de perseverança, de sempre fazer o que diz, sustentar a palavra, ainda que antiga: "eu vou comprar o meu carro, novo, quando eu quiser".

E assim foi. Comprar o carro, podendo escolher. Pagamento à vista, regateando preço. Depois foi a diversão de preencher o carro. Aquele curto espaço que transforma só um carro em algo pessoal. O insulfilme que o personagem julgava necessário. O rádio, com cd, parceiro de engarrafamentos, primeira voz na cantoria dos dias bem-humorados. Até a caixa de cerveja guardada na mala, junto à canga de praia, chinelos e, muitas, muitas vezes, malas e malas de muitas viagens.

É só um carro. É só o objeto. Mas a lembrança arde. A primeira viagem, de um carro com apenas 20 km no marcador. Do nada, um carro novo passando em corredeira de uma Trindade cheia de gente, em pleno feriado. Os farnéis dentro do carro, em longas viagens. Biscoitos Globo no engarrafamento.

Carro como abrigo para namoro em final de festa. E, nesse dia, quase foi uma porta. Um ex que já não existe mais; o carro ainda existia com a marquinha na porta...

Uma viagem onde ficou o rádio. Um "Incrível Hulck", de nome, mais conhecido por LOE, todo embaçado do frio de Astolfo Dutra. De manhã, já sem sapato, sem descanso, sem tristeza, era a estrada para o Rio, onde o rádio e a saudade iriam se perdendo. Destes tempos que se vão sem nunca irem da memória....

Um carro quase saltando o marco da vaga porque quem dirigiu deixou engatada a marcha e não avisou...Um carro quase roubado numa rua principal de um famoso bairro no Rio de Janeiro. Um passarinho desgovernado batendo no vidro do carro, na estrada. Um beijo roubado, mutuamente, na carona de um amor antigo, que é sempre amor.

Outra viagem, chuva, engarrafamento, 140 km/h, época sem radar... Muita fofoca de "lulus em trânsito"... A foto em plena curva perigosa, que, de piada, personagens brincavam que quase tinha sido a própria foto do acidente...

Um frio do cão. Outra viagem. Fim do festival de música e de alegrias. Chave do portão quebrada na mão. Carro paradinho em frente à casa. E fechado... Porque a chave do carro estava do lado de dentro da casa, junto ao celular...

Um carro emprestado para levar os presentes de casamento de um amigo, em Paraty. O mesmo carro, buscado, na ânsia de realizar um amor que, até então, nada tinha a ver com o carro. O mesmo carro que levou embora este amor, algumas vezes, com a saudade e todas as ânsias amarradas, bem apertadas, no coração.

Mr Loe no aeroporto, uma vez mais, buscando amigos chegando de viagem. Um outro personagem caçoa o dono do carro: "por que ir buscar amigos no aeroporto com a mala cheia?". O personagem tinha esquecido, mas o carro era espaçoso, o espaço da boa vontade... Os amigos internacionais, alheios ao diálogo, perguntam: "Oh, italian car???".

Incrível Hulck numa outra viagem. Cadê documento às 10:00 horas da noite? O outro carro no conserto, Hulck salvando o feriado de alguns personagens.

Alguém segurando a mão deste saudosista personagem. O carinho na perna. O braço no ombro, motorista no banco do carona. Cabelos ao vento. Jeitinho no cinto de segurança. Muitas caronas e manhãs de sono, indo trabalhar.

É só um carro que agora se vai... O personagem sacode as lembranças e respira fundo. Abre espaço, coração, que o personagem está pegando carona na vida e aí virão muitas, muitas alegrias, que o nosso amor não é roubado. É emprestado, vivido, queimado, renegado, mas, como a energia, não se perde...

3.2.06

Máquina do Tempo

Máquina do tempo: 3 x 2 cm. Desenho fosco, azul. Branco também. Cheiro de borracha...

Fechar os olhos...

Escola. Crianças. Distribuição de materiais. Professores conversando.

Cheirinho de almoço. Cortando batatas, "ajudando" "tias" na cozinha.

Distribuição de brindes. Babaloos. Vozes. Pessoas pelos corredores.

Brincadeira no pátio. Fuga para atazanar o cachorro da moça da cantina. E o giz de côco?

"Nossa, essa é a irmã mais nova..."

Correr. Correr. Correr. Pular. Bagunça. Barulho.

"Posso brincar, posso brincar?"

Ir ao cinema. Sozinhas... Do outro lado da praça...

ET no cinema. Alguém lendo para a pequenina.

Frases soltas. Momentos e momentos.

"Ei , já fez o dever da escola?"

A máquina do tempo é uma simples borracha de apagar... simples como a vida de uma criança...

26.1.06

De Amor e de Sombra

“Sorriram aliviados, divertidos, trêmulos, seguros de que não pretenderiam uma aventura fugaz porque foram feitos para compartilhar a existência como um todo e assumir juntos o desafio de se amarem para sempre.”


De Amor e de Sombra – Isabel Allende