17.8.07

See ya soon Bris Vegas

Caminhando para South Bank, hoje, eu pude ter uma espécie de clareza sobre a vida. Como uma metáfora. Todos esses últimos dias, tenho estado tão ocupada resolvendo todas as pendências do mundo moderno, literalmente sem tempo para parar e pensar sobre a revolução, como voltar no espaço-tempo, que representa "voltar" ao Brasil.... Embora a situação seja outra, a pessoa, mais outra ainda, se é que posso usar essa torpe expressão....

Cruzando a Victoria Bridge, eu pensei em quantas vezes eu fiz aquele trajeto, sem perceber... Quantas histórias e quantos momentos foram perpassados por essa lembrança tão simples... E quantas vezes eu sequer pensei ou valorizei isso.... É e foi preciso pensar na idéia de voltar, para pensar no que foi o meu presente. No que foi o meu passado. E no que será o meu futuro.....

Eu olho, aqui, dessa linda varanda, essa vista magnânima de Brisbane e penso nos tantos momentos maravilhosos e pessoas espetaculares que essa cidade me ofereceu. Uma nostalgia me invade, dessas sem tamanho.

Sem perceber, essa noite foi toda assim.... De pessoas, de lembranças, de momentos marcos..... Parece ridículo, mas, de novo, eu me vi numa despedida de outra amiga, S, minha querida alemã, que se tornou a amiga do peito, após a partida de Jac Boy. Mais estranho ainda, enquanto pensava na idéia de minha querida amiga não alcançável por um telefonema e encontro em South Bank, numa realidade fisicamente distante, de objetivos e cidades diferentes, eu me peguei no momento crucial do "adeus" ou "até logo"....e pensei naquele filme, Sexto Sentido. Eu sei, Hollywood, Hollywood, mas o sentimento era o mesmo... Não dizer adeus...... Dizer até qualquer dia e ignorar essa estranha percepção da vida, o quanto tudo é momentâneo, e o quanto a nossa realidade é feita de momentos... Passageiros....

E cada momento que passa, cada realidade que vivemos - escolhida ou não-, é um pedaço de nós que dizemos adeus. Seja em nós mesmos, do que aprendemos e não somos, ou do que nos identificamos ou aprendemos em cada outro ser, em cada outro que a vida nos oferece, como ouro, como tesouro impagável......

Eu tenho a sensação que os momentos se repetem, de maneiras diferentes, em sentimentos espalhados, compartilhados, como mais uma chance para aprender..... Mais uma chance de decifrar que a vida é só mistério e só resta viver, curtir e guardar aquele sorriso gostoso na memória. Aqueles momentos sem preço...

4.8.07

Preto e branco

Eu cresci no preto e branco. Como letras escritas no papel, palavras desenhadas em moldes, regras; certo X errado. Sem nem perceber, cedo eu me vi cercada pelas convidativas e desafiadoras nuances da vida. Todo o rubro proibido, todo o negro, luto do diferente, todo o branco em possibilidades. Todo o colorido de poréns e entrelinhas.

Como aprender, no livro da vida, nas regras da sobrevivência, que a proteção nem sempre representa a verdade... Que o amor nem sempre faz as melhores escolhas.... Eu cresci admirando todas as outras possibilidades e mundos que cada segundo nos oferece. E entorpeci de desejo perante todos os sonhos por realizar, todos os mundos por viver, em mim mesma, e em tantas localidades que minha pobre geografia nem poderia vislumbrar.

Na penumbra da dúvida, da insegurança, não há melhor metáfora que as luzes de uma cidade piscando. Lá longe, arranha-céus com anúncios azuis, vermelhos, mil neons.... Cada luzinha mostrando o contraste, os caminhos que se pode escolher e se perder....e errar.....

Como um prisma. Como todas as luzes que podem refletir. Como todas as verdades que cada um de nós assume sobre cada instante. E como essas verdades possem se revelar em mentiras, ou se esconder em fatos.... O tal paradoxo que me persegue, aniquila o amor, a paixão, a sinceridade e a entrega.....

A ausência de sono nos traz de volta ao mesmo ponto. Ao mesmo labirinto. Ao mesmo beco. O que os anos pesam é só compromisso... com experiências traumáticas e busca errônea de padrões....

Meu discurso deve ser louco, como sempre, como eu - e eu nem me desculpo..... Lembro de ter lido, ouvido - sabe Deus-, que o cada ser mais procura é o amor, ser amado pelo que é.... Seja lá o que isso signifique. Mas será que somos só um? Essa é uma pergunta que vai perseguir até a eternidade..... Só não quero ser o troféu.... Só não quero ser a mentira mais sincera que brotou.... a história mais inovadora que se criou..... Todos os momentos só para ser. E ninguém para entender isso. Ninguém. Nem eu mesma...

E não é nem uma porta a metáfora. Essa, sim, fechada, a cadeados e chave..... com um lindo chaveiro souvenir..... É toda uma cidade de lembranças, oportunidades e dúvidas...