27.12.04

Parem o mundo: personagens também amam!!!

Organizar uma viagem, marcando no calendário... Arrumar a mala uma semana antes. Todo mundo tem um momento ‘diferente’. Quando se age de uma maneira exatamente oposta ao habitual. Muito bom ser surpreendido em sensações novas!!!

Ademais, muitas expectativas e espera. E lá estava o personagem. Após uma viagem de quatro horas, sem sono, desperto, corpo ignorando o cansaço de semanas de insônia.

No ônibus, duas francesas perdidas. Ansioso, não sabia se ajudava, ou se corria para buscar o carro e chegar logo. Sabe lá o que significaria isso... Mas, a consciência pesou e foi ele, com o francês enferrujado, tentar dar informações de caminho. Au revoir...

Toca a campainha, pega o carro. ‘Almoço? Não, obrigado’. Mapinha em cima do banco, mas quase se perde; inacreditável. Estava procurando o tal do estacionamento que, no mapa, era em frente à pousada. Ficava na outra rua...

Tira mala, tira várias coisas do carro, parece que tem bagulho por tudo o que é lado... Alguém devia probir este personagem de arrumar coisas de viagem sóbrio...

E, num mágico instante, sonho vira realidade. Só interseção de vidas e desejos. Parem o mundo que eles querem fugir... ‘Para outro lugar, Baby’...

E parece que aí o silêncio poderia dizer tudo; aquele. Cheio de significados. Cheio de tudo. Um tudo poderoso, invencível, com amor, paz, vida... E a fome parece nem dar sinal de vida... Só paixão.

Uma pizza é até muito... São só olhares e palavras. Reais. Face to face. Criança grande demais querendo ir ao parque de diversões... Um cachorro, gaiato, malandro, seguindo feliz a felicidade do casal... Mesmo na praia injusta de quem não pode gritar ao mundo um amor... Mas ainda eram ‘só’ olhares e palavras. Reais. Face to face. Depois é so voltar pra ‘casa’. “ Et je t’aime aussi, mon amour...", responde o personagem…

O café da manhã parece tornar tudo ainda mais verídico. O olhar nos olhos. Quase um agradecer pelo mesmo ar respirado... “Quer um café?” soa quase como um cântico...

Depois é só andar e se perder. Ruas misturadas, confusas, como sentimentos. E quem quer saber onde está? Daqui a pouco se acha ou se perde em outro lugar... “E onde está a Livraria Cultural??? Ai, memória...”. Bom de qualquer forma, para sentar e conversar. Seja num banquinho, numa paisagem linda, numa companhia idílica, seja rindo, falando e, vivendo juntos, histórias de vidas separadas.

Um restaurante super romântico para variar. Músicas lindas, não muito altas. E sempre os olhares. As palavras que tanto os unem... A chuva não cessa, como num eterno passe de mágica... Logo a pousada. Dormir abraçadinho, dois corpos em um. Calor, aconchego; compreensão... E acordar num mar de calor e desejo... “Beija eu, beija eu, que eu prometo não gritar de prazer...

Outro dia que parece tão pouco. A vida lá fora é tão curta. Ao lado de um amor, mais intensa, tanta coisa para viver... Tanto do outro para conhecer. Arquipélagos de pinta, curiosidades de anatomia, aquele pescoço, o corpo, a alma sensível... Assim, nem dava para lembrar de camisa, ou passeio, tudo era só o amor de dois personagens em um...

Anda, anda, anda. Computador e realidade. Almoço e realidade. Anda, anda, anda. Beber caipirinha na beira d’água. Sim, personagens que querem ainda mais se beijar, enlouquecer em lábios finos, grossos, no corpo-encaixe. “Sorria, amor, exale ainda mais beleza. Conte sua vida, suas histórias, eternize um momento numa gargalhada. Ame-me mais e mais eu perco os limites; que limites???”.

Limite de acordar, nem querer dormir... Sentir o outro assim junto para nunca esquecer. Como guardar um cheiro??? Um esforço que ronda este personagem até hoje, numa tentativa de reproduzir outrem. Vêm o sorriso e os olhos brilhantes. E aquele rosto tão singelo, dormindo, que traz lágrimas aos olhos do personagem... Fecha os olhos e ali está, tão entregue, tão desnudo, na pureza de uma criança. Das crianças que sabem ser juntos... Viria mais um café da manhã... E o personagem queria pedir um, para eles dois, de novo, de novo e de novo...

Faz questão de levar o amor à rodoviária. Para mente registrar. O amor foi embora e o personagem ficou . Melhor analogia não há. As lágrimas vêm, poderosas, até os olhos. Que não escorrem, não cedem. A mente, intacta, consciente, não permite o transbordar de sentimento... E aquilo desce como um punhal, atravessando os planos que o personagem não fez, os sonhos que até teve medo de ter. Cortando até a certeza momentânea e inesquecível, que ilude em eternidade... Porque o personagem não pode ver seu amor chorar e alguém tem de ser forte...

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