Nada como olhar para trás e sorrir. Tudo bem que você tem vontade de dizer "porque não é contigo", quando você está no fundo do poço, amargando os piores "momentos entre safra" de sua vida, ou dizendo/fazendo a coisa mais estapafúrdia do mundo e alguém comenta "você vai rir disso mais tarde".
Não há como não rir ao lembrar de sair rolando as escadas no Festival de Cinema de Gramado. Depois que já curou o joelho dolorido, inchado, ferrado; claro. Não há como não gargalhar, ao lembrar das noites sensuais e surreais, tentando transar com um gesso até a virilha ou após uma cirurgia. Depois, a preocupação de um ponto cair e um filete de sangue escorrer é só gargalhada. Passado o susto, você lembra mais daquela vozinha do seu médico, quase previdente, ecoando, tipo aqueles diabinhos de desenho animado falando ao ouvido: "pode voltar a fazer tudo, mas paulatinamente; cuidado com os excessos". Sei... Na hora H, do seu namorado te colocando em cima da pia da cozinha, só uma dor excruciante e um pontinho a menos podem te fazer lembrar disso...
Como não rir, depois - bem depois, claro... -, ao lembrar que um dia disse para uma pessoa "muito branquinha" para tomar cuidado com o sol, que era muito perigoso... antes de descobrir, obviamente, que a pessoa era albina...
Como não rir ao lembrar do filho "Hobbit" do seu querido amor, dizendo, de manhã, ao pular na cama de vocês dois, depois de uma louca noite de sexo e álcool, que vocês fedem, que estão com bafo... Só resta rir... Depois de escovar os dentes, é claro...
Nossa, tem essa outra, impagável. Velhos amigos. Bebem demais. Terminam a noite juntos, sem pensar, sem lembrar. Daquelas noites que se finge que nada aconteceu. Aí, velho frequentador da casa, o cara tem de ouvir da mãe da garota que "ela é uma irresponsável, dia desses sumiu, nem para dar recado de que ia dormir fora; sim, porque eu não me incomodo que ela vá para motel, mas me avisa que não vai voltar". O amigo com a velha e notória cara de quem não tem nada com isso. Claro. E anos depois, vai rir e contar essa história para todo mundo.
O filho do seu digníssimo saiu para um passeio. Vocês não aguentam de tesão, um minuto sozinhos e já explode a coisa toda. Quando percebem, estão em cima da cama, feito animais no cio; sabe lá quanto tempo depois, a porta estremece, na maior batida. Levantam os dois se encontrando feito formigas em ataque ao formigueiro, abre a porta, é a camareira olhando para os rostos suados e nervosos, perguntando: "posso entrar?"; "sim, claro". Anos de profissão, ela repete: "posso mesmo?". Na hora, é só desespero. Depois, é só lembrar e rir, até porque, dia seguinte ela deixou as toalhas da piscina na mesa da varanda...
Você está em um mega evento governamental. Autoridades de Estado, do tipo "muito cacique para pouco índio". Tentando seguir sua linha, "passe despercebido", você segue para um daqueles coffee breaks que vão contra qualquer disciplina alimentar. Vai pegar um suco com uns pães de queijo - esse personagem aqui adora! - na mão e o copo na outra. Está diante de uma daquelas máquinas com tipo uma biquinha para abrir e preencher o copo com suco. Na hora que o copo enche, cadê que consegue fechar? Começa a transbordar no chão, molhando o tapete e, nervosa, a pessoa mexe mais freneticamente - e mais sem jeito - a tal da bica... Quando olha para o lado, uma bondosa alma se dispõe a ajudar. E fecha. E é o ministro... Só resta rir...depois de se esconder, é claro...
Bem sugestivo, uma mulher pergunta, por exemplo, em pleno intervalo do show do Planet Hemp, como colocar a ficha no aparelho telefônico, que ela não sabia. Já naquela época, fazia anos que nós só conhecíamos orelhão de cartão.... Mas, perdão, esse não é o melhor exemplo, porque a gente riu lá mesmo. E muito. E rimos até hoje...
É possível lembrar várias e várias situações "rolante-cômicas". Aquelas que, com o passar dos anos, viram os "clássicos", contados à exaustão, nas rodas de amigos. Nada como um dia após o outro. Portanto, o segredo é esperar. A risada está logo ali na esquina...
21.12.09
14.12.09
Estremeço....
...Estremeço, cheia de amor, pensando nos seus doces olhos, na linda promessa de cachoeiras e chopps domingos à tarde. É tão junto, tão delicioso estar com você que, sozinha, eu me sinto metade. Você é minha metade prudente. Você é minha metade calmaria. Você é minha metade família. Você é minha "metade-raízes".
Eu sinto falta de sua vida. Eu, "desapegada" do mundo, lembro de seu lindo filho querendo dormir comigo. E mexe no telefone. E quer a câmera. E quer o sorvete. E quer o chocolate. Com aqueles olhinhos espevitados, cheios de vida; quase uma síncope para se ter coragem de dizer não...
O não que é necessário dizer, na escolha de um bem maior, de um sentimento mais profundo. Que te arrasta. Que te leva para um redemoinho de sensações. Que te domestica em sonhos que você vive e quer viver com alguém. Você é tanto em mim, sem eu pedir, sem eu lutar; é só entrega, tudo junto e sacudido em meio a muita paixão, muita loucura, muito desejo.
A paciência que não tenho. E que tento aprender a cada dia, na esperança daquele sorriso tão espontâneo, daquela gargalhada tão nossa, daqueles beijos menos roubados, mais explodidos.
Você é minha metade silêncio. Você é minha metade adivinhação. Minha metade gestos e olhares. Eu sou sua metade instinto, impetuosidade. E são tantas metades que o sentimento só se multiplica... Não importa quantos “sim” possam existir, quando a resposta quer ser - e é - única, intransferível: metade sem você é só vazio, meu amor...
Eu sinto falta de sua vida. Eu, "desapegada" do mundo, lembro de seu lindo filho querendo dormir comigo. E mexe no telefone. E quer a câmera. E quer o sorvete. E quer o chocolate. Com aqueles olhinhos espevitados, cheios de vida; quase uma síncope para se ter coragem de dizer não...
O não que é necessário dizer, na escolha de um bem maior, de um sentimento mais profundo. Que te arrasta. Que te leva para um redemoinho de sensações. Que te domestica em sonhos que você vive e quer viver com alguém. Você é tanto em mim, sem eu pedir, sem eu lutar; é só entrega, tudo junto e sacudido em meio a muita paixão, muita loucura, muito desejo.
A paciência que não tenho. E que tento aprender a cada dia, na esperança daquele sorriso tão espontâneo, daquela gargalhada tão nossa, daqueles beijos menos roubados, mais explodidos.
Você é minha metade silêncio. Você é minha metade adivinhação. Minha metade gestos e olhares. Eu sou sua metade instinto, impetuosidade. E são tantas metades que o sentimento só se multiplica... Não importa quantos “sim” possam existir, quando a resposta quer ser - e é - única, intransferível: metade sem você é só vazio, meu amor...
6.12.09
Sutilmente
Skank
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti.
Skank
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti.
6.11.09
Se Tudo Pode Acontecer
Se Tudo Pode Acontecer
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes
Se tudo pode acontecer
Se pode acontecer qualquer coisa
Um deserto florescer
Uma nuvem cheia não chover
Pode alguém aparecer
E acontecer de ser você
Um cometa vir ao chão
Um relâmpago na escuridão
E a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira
Eu quero que esse momento dure a vida inteira
E além da vida ainda de manhã no outro dia
Se for eu e você
Se assim acontecer. . .
Se tudo pode acontecer
Se pode acontecer qualquer coisa
Um deserto florescer
Uma nuvem cheia não chover
Pode alguém aparecer
E acontecer de ser você
Um cometa vir ao chão
Um relâmpago na escuridão
E a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira
Eu quero que esse momento dure a vida inteira
E além da vida ainda de manhã no outro dia
Se for eu e você
Se assim acontecer. . .
Arnaldo Antunes
Composição: Arnaldo Antunes
Se tudo pode acontecer
Se pode acontecer qualquer coisa
Um deserto florescer
Uma nuvem cheia não chover
Pode alguém aparecer
E acontecer de ser você
Um cometa vir ao chão
Um relâmpago na escuridão
E a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira
Eu quero que esse momento dure a vida inteira
E além da vida ainda de manhã no outro dia
Se for eu e você
Se assim acontecer. . .
Se tudo pode acontecer
Se pode acontecer qualquer coisa
Um deserto florescer
Uma nuvem cheia não chover
Pode alguém aparecer
E acontecer de ser você
Um cometa vir ao chão
Um relâmpago na escuridão
E a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira
Eu quero que esse momento dure a vida inteira
E além da vida ainda de manhã no outro dia
Se for eu e você
Se assim acontecer. . .
Recifes de saudade....
Eu já te disse???
Que é difícil ficar longe de vc...
Que é difícil não poder olhar todos os dias para o infinito dos seus olhos...
Que é difícil não sentir seu corpo, sedento, junto ao meu...
Que é difícil não sentir o compasso e o êxtase de sua respiração misturada a minha.....
Que é difícil não ver esse sorriso, ouvir essa risada e todos os sons da alegria que compartilhamos...
Que é difícil não caminhar de mãos dadas, não assistir ao sol se por ao seu lado...
Que é difícil não ter seu colo para me aconchegar, no cansaço, na saudade, no desejo...
Ainda assim, fácil te amar...
*Fotografia no Museu do Instituto Ricardo Brennand, conhecido como Castelo do Brennand
28.10.09
Ao lado de seu amor, o personagem é só uma menina apaixonada...
Não consigo parar de pensar em você. Penso nos seus olhos, procurando e fugindo dos meus. Lembro do toque suave de suas mãos, deslizando pelas minhas costas, segurando, com desejo, com paixão, o meu corpo junto ao seu.
Eu penso nos beijos, sem fim. Nossos corpos adormecidos de entrega, misturados, quase um, largados a sorte de um amor, naquele eterno momento sem reflexões.
Seu corpo, seu dorso, sua imponência, abandonada sob meus olhos, apaixonados, seguindo o seu caminhar, seu desfilar, inerte, desligado, olhos brilhando, sorriso no canto da boca.
Não consigo parar de pensar em você. Seus dedos procurando os meus, no gesto inconsciente, no toque de peles frêmitas. Nas mãos, entrelaçadas, na busca de almas que fogem entre si.
Seus lábios nos meus. No meu corpo. Sua língua. Corpos ardentes. O contorno de um só corpo, em um abraço, na eternidade de um instante.
Ai, meu amor, não consigo parar de pensar em você. Fique assim, junto a mim, para sempre. Não me deixe ir... Quero me perder com você. Quero me perder em você. Mas não quero que nos percamos...
Eu penso nos beijos, sem fim. Nossos corpos adormecidos de entrega, misturados, quase um, largados a sorte de um amor, naquele eterno momento sem reflexões.
Seu corpo, seu dorso, sua imponência, abandonada sob meus olhos, apaixonados, seguindo o seu caminhar, seu desfilar, inerte, desligado, olhos brilhando, sorriso no canto da boca.
Não consigo parar de pensar em você. Seus dedos procurando os meus, no gesto inconsciente, no toque de peles frêmitas. Nas mãos, entrelaçadas, na busca de almas que fogem entre si.
Seus lábios nos meus. No meu corpo. Sua língua. Corpos ardentes. O contorno de um só corpo, em um abraço, na eternidade de um instante.
Ai, meu amor, não consigo parar de pensar em você. Fique assim, junto a mim, para sempre. Não me deixe ir... Quero me perder com você. Quero me perder em você. Mas não quero que nos percamos...
20.10.09
Obrigada
Obrigada por todo amor que tenho.
Obrigada por mais alguns anos de vida.
Obrigada pelas pessoas especiais que me rodeiam e pelos presentes que nascem, multiplicando amor...
Obrigada por me trazer à realidade de que tudo é fugaz. Só o amor fica.
Obrigada, obrigada, obrigada.
Amor aos que não vejo, não ouço e não entendo. Principalmente.
Amor aos que quero, preciso ver, sem entender isso.
Amor aos que vejo, não entendo, mas quero entender.
Amor, amor, amor. Só pode gerar amor.
E obrigada. Que cada segundo de insônia - e sobriedade - seja um pensamento de paz, carinho; sobretudo, paciência.
Obrigada por mais alguns anos de vida.
Obrigada pelas pessoas especiais que me rodeiam e pelos presentes que nascem, multiplicando amor...
Obrigada por me trazer à realidade de que tudo é fugaz. Só o amor fica.
Obrigada, obrigada, obrigada.
Amor aos que não vejo, não ouço e não entendo. Principalmente.
Amor aos que quero, preciso ver, sem entender isso.
Amor aos que vejo, não entendo, mas quero entender.
Amor, amor, amor. Só pode gerar amor.
E obrigada. Que cada segundo de insônia - e sobriedade - seja um pensamento de paz, carinho; sobretudo, paciência.
5.10.09
Disse que valeria a pena...
Ao subir as escadas, coração em disparada. Sorriso desconcertado no rosto. A porta abre, o cachorro late, a criança corre. Ainda mais tímida, Cris nem entrega o presente. O moleque, malandro, bonito, descabelado, cinco anos de travessuras, recebe, de presente, o copinho com desenho e o pacotinho de nozes, castanhas e amendoins adocicados. Olha para a mãe e diz: “ela pensa que eu sou criança”...
Cris tem vontade de rir, mas não sabe se deve; ah, essas teorias de educação infantis... Apaixona pelo projeto de gente do seu Amor e sua espontaneidade. Seu Amor ri também, desconcertado: “desculpe, ele é tão espontâneo, que me deixa sem graça”.
Logo se vê, sozinha, quase enterrada no sofá da sala, procurando algum estratégico “buraco de avestruz”. O moleque lindo e seus pontos de cirurgia correndo, nem aí, pela casa. Ex-mulher, sogra, cunhado, cachorro... faltava o papagaio e tudo mais... E Cris procurava, quase em desespero, pelo seu Amor. Quem diria, ela, logo ela, estaria ali, sem reclamar, no meio de um núcleo familiar, até gostando de conhecer esse pedaço da vida de seu Amor.
Perguntas, perguntas, perguntas. Cris falando com “desconhecidos” que não eram desconhecidos. Eram amores de seu Amor. Ai, ai, ai, my God, a coisa certa... Onde trabalha, você é jornalista, “o que tem de bom na profissão”...ai, ai, ai... A vontade de rir era quase patética.
A ex-mulher do seu Amor senta para conversar. Pacote de nozes, amendoins e castanhas na mão, comendo. “Quer?”. "Ai,que vontade de rir"... O projeto de cachorro pula no colo de Cris, depois de decidir parar de latir para ela. “Ai, fica aqui”, pensa ela, apertando o cachorro e lembrando da brincadeira com os amigos de trabalho: “senta aqui, não tenha tanta pressa, senta aqui”...
____________________________________________________________________________________
Ela e seu Amor depois.... Ele ri, pergunta; ela, ainda, em estado de “apavoramento”. Ri e ri. Ri mais ainda. Eles lembram as cenas e riem, cúmplices. Ela se joga no colo dele, sente os dedos longos, a mão forte, percorrendo seu rosto e mexendo nos seus cabelos e pensa: “Deus não disse que amar era fácil, disse que valeria a pena”...
Cris tem vontade de rir, mas não sabe se deve; ah, essas teorias de educação infantis... Apaixona pelo projeto de gente do seu Amor e sua espontaneidade. Seu Amor ri também, desconcertado: “desculpe, ele é tão espontâneo, que me deixa sem graça”.
Logo se vê, sozinha, quase enterrada no sofá da sala, procurando algum estratégico “buraco de avestruz”. O moleque lindo e seus pontos de cirurgia correndo, nem aí, pela casa. Ex-mulher, sogra, cunhado, cachorro... faltava o papagaio e tudo mais... E Cris procurava, quase em desespero, pelo seu Amor. Quem diria, ela, logo ela, estaria ali, sem reclamar, no meio de um núcleo familiar, até gostando de conhecer esse pedaço da vida de seu Amor.
Perguntas, perguntas, perguntas. Cris falando com “desconhecidos” que não eram desconhecidos. Eram amores de seu Amor. Ai, ai, ai, my God, a coisa certa... Onde trabalha, você é jornalista, “o que tem de bom na profissão”...ai, ai, ai... A vontade de rir era quase patética.
A ex-mulher do seu Amor senta para conversar. Pacote de nozes, amendoins e castanhas na mão, comendo. “Quer?”. "Ai,que vontade de rir"... O projeto de cachorro pula no colo de Cris, depois de decidir parar de latir para ela. “Ai, fica aqui”, pensa ela, apertando o cachorro e lembrando da brincadeira com os amigos de trabalho: “senta aqui, não tenha tanta pressa, senta aqui”...
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Ela e seu Amor depois.... Ele ri, pergunta; ela, ainda, em estado de “apavoramento”. Ri e ri. Ri mais ainda. Eles lembram as cenas e riem, cúmplices. Ela se joga no colo dele, sente os dedos longos, a mão forte, percorrendo seu rosto e mexendo nos seus cabelos e pensa: “Deus não disse que amar era fácil, disse que valeria a pena”...
29.9.09
Não adianta....
Não adianta. A memória vai fundo no esverdeado dos seus olhos, na dúvida estampada no seu rosto, no corpo, solto, tímido, amando e sendo amado. No toque rente de seus dedos, deslizando, carinhosamente, pelo meu corpo entregue. Suas mãos fortes, puxando meu rosto, roubando um beijo que já era dado. Seu corpo grande, belo, esguio, seu contorno, na janela, na luz de sonhos que ainda estão – talvez - por vir. Esse sorriso que escapa, tímido, e vem para mim sem resistir, no segundo antes de pensar e temer. Não adianta. Eu me lembro do seu cheiro, seu gosto. Não é mais uma memória ou sonho, é real. É paixão, é loucura. É seriedade no reflexo e no medo dos seus olhos. É passado e é futuro no silêncio do que você não declara.
Não adianta, eu quase vejo seu rosto iluminado de espontaneidade, antes do pensamento, antes da prudência, antes do cuidado. Eu quase ouço sua risada feliz, seu sorriso, no segundo que antecede a ruga na testa e a realidade para aterrorizar. Eu me lembro dos movimentos tímidos e frenéticos, alternadamente, no compasso da paixão, ainda que fugaz, instantânea. Naquele segundo que brilha, no agora não imaginado, aquele, aquele, aquele gozo.
“A vida ardia sem explicação.... não tem explicação, explicação.....”
Segundo Sol, Nando Reis, mas prefiro na voz da Cássia Eller......
Não adianta, eu quase vejo seu rosto iluminado de espontaneidade, antes do pensamento, antes da prudência, antes do cuidado. Eu quase ouço sua risada feliz, seu sorriso, no segundo que antecede a ruga na testa e a realidade para aterrorizar. Eu me lembro dos movimentos tímidos e frenéticos, alternadamente, no compasso da paixão, ainda que fugaz, instantânea. Naquele segundo que brilha, no agora não imaginado, aquele, aquele, aquele gozo.
“A vida ardia sem explicação.... não tem explicação, explicação.....”
Segundo Sol, Nando Reis, mas prefiro na voz da Cássia Eller......
23.9.09
Cuidado.....
Cuidado demais impede os caminhos. Incerteza protege de vida, de êxtase, da liberdade de sentir. Ela pensava naquele sorriso e ficava assim, inerte, desejo congelado em memória ausente de vida.
Sem fome, sem sono, rindo pelos cantos. Olhava para a tela do computador e via a imagem refletida, mexendo nos cabelos, sorrindo a timidez que a encantava. Ui, ui, no carro, enfrentava o engarrafamento, pensando nos beijos, nos abraços, enredar-se no corpo dele, perder-se em carinhos. Ia cantarolando todas as frases de amor que explodiam dentro dela. Sorriso estampado na alma, olhar fixo; seu rosto, seu olhar, seus lábios. Fechava os olhos e simplesmente viajava. Não havia mais tempo, distância, só o instante feliz. Frases ecoavam, procurava os gostos dele só para agradá-lo, mimá-lo e enchê-lo de carinho......
Desde os mais primórdios, “o que fazer” (e o que não fazer...) deve ter assombrado a humanidade que tenta ser humana. Justa. Fiel à polissemia de atitudes em discursos existentes ou não.
Relação é fato, é lista de coisas, dependência, ligação, conhecimento, amizade, trato, envolvimento sexual... uma série de coisas. Se não há nada disso, em tese, não há relação. Mas se há sentimento sem ligação, sem dependência, sem conexão, sem lista, sem sexo, sem trato, querendo ter tudo isso junto, ao mesmo tempo, ontem??? Uma relação, talvez. Mas, para isso, são necessários, dois corpos ardentes, duas mentes sonhadoras no mesmo momento, planos para vir, sem ausência, sem silêncio, maldito carrasco de sentimentos......... Onde está você agora que não aqui, dentro de mim????
Sem fome, sem sono, rindo pelos cantos. Olhava para a tela do computador e via a imagem refletida, mexendo nos cabelos, sorrindo a timidez que a encantava. Ui, ui, no carro, enfrentava o engarrafamento, pensando nos beijos, nos abraços, enredar-se no corpo dele, perder-se em carinhos. Ia cantarolando todas as frases de amor que explodiam dentro dela. Sorriso estampado na alma, olhar fixo; seu rosto, seu olhar, seus lábios. Fechava os olhos e simplesmente viajava. Não havia mais tempo, distância, só o instante feliz. Frases ecoavam, procurava os gostos dele só para agradá-lo, mimá-lo e enchê-lo de carinho......
Desde os mais primórdios, “o que fazer” (e o que não fazer...) deve ter assombrado a humanidade que tenta ser humana. Justa. Fiel à polissemia de atitudes em discursos existentes ou não.
Relação é fato, é lista de coisas, dependência, ligação, conhecimento, amizade, trato, envolvimento sexual... uma série de coisas. Se não há nada disso, em tese, não há relação. Mas se há sentimento sem ligação, sem dependência, sem conexão, sem lista, sem sexo, sem trato, querendo ter tudo isso junto, ao mesmo tempo, ontem??? Uma relação, talvez. Mas, para isso, são necessários, dois corpos ardentes, duas mentes sonhadoras no mesmo momento, planos para vir, sem ausência, sem silêncio, maldito carrasco de sentimentos......... Onde está você agora que não aqui, dentro de mim????
15.9.09
Personagens não sabem o que pedem
Todos os dias, Layla lembrava da solidão. Levantava de manhã, cantando, sorrindo, na esperança que o dia a surpreendesse com um amor de "verdade". Cortava os cabelos, dançava, ensaiava os melhores sorrisos. E era, naturalmente, envolvente. Por onde passava, era um rastro de olhares, não vistos, não percebidos pela sonhadora.
Espalhava aos quatros cantos a busca pela metade, pela parte do encaixe, pelo outro lado da cama, para dormir, abraçado, grudado, amor à flor da pele. Assistia aos filmes na televisão, torcia pelos casais da novela e pensava, sofria, 'quando iria encontrar esse novo amor, sumido, distante, que a deixava na solidão'?
Um belo dia, encontrou um rapaz, mais novo, mas bastante obstinado. Ele se encantou, de cara, com a força daquele olhar, com a voracidade das palavras que o devoravam, mesmo quando não ditas. Ele se encantou com o ar desligado da moça, na flor da idade do século XXI. Ele se encantou com o sorriso, de lado, meio que escondendo toda sua força. Ele se encantou com a energia, pronta para ser sugada, dividida, explodida em amor.
Pensativa, cheia de vigor, ela não o via. Continuava, indiferente. Era impossível que ela não o percebesse. Ele, ali, entregue, apaixonado, doido para preencher os espaços vazios. Doido para se redimir do passado e se entregar, de vez. Pronto para o tal amor de verdade, sem problemas, sem poréns. Sem dramas. Ele estava ali, nunca tão consciente de si mesmo, nunca tão aberto, nunca tão flagrante, nunca tão sem juízo, sem cuidado, sem passado. O nunca do presente; sem igual...
Pediu, chamou, disse com todas as letras que queria escrever. De amor, de paz, de construção. Mas só ficou o vazio. O silêncio. E, então, ele se lembrou do passado, da dor, do desamor. Lá se foi, sem olhar para trás; deixando apenas as palavras abandonadas de promessa. Layla voltou para o ex-marido.
Espalhava aos quatros cantos a busca pela metade, pela parte do encaixe, pelo outro lado da cama, para dormir, abraçado, grudado, amor à flor da pele. Assistia aos filmes na televisão, torcia pelos casais da novela e pensava, sofria, 'quando iria encontrar esse novo amor, sumido, distante, que a deixava na solidão'?
Um belo dia, encontrou um rapaz, mais novo, mas bastante obstinado. Ele se encantou, de cara, com a força daquele olhar, com a voracidade das palavras que o devoravam, mesmo quando não ditas. Ele se encantou com o ar desligado da moça, na flor da idade do século XXI. Ele se encantou com o sorriso, de lado, meio que escondendo toda sua força. Ele se encantou com a energia, pronta para ser sugada, dividida, explodida em amor.
Pensativa, cheia de vigor, ela não o via. Continuava, indiferente. Era impossível que ela não o percebesse. Ele, ali, entregue, apaixonado, doido para preencher os espaços vazios. Doido para se redimir do passado e se entregar, de vez. Pronto para o tal amor de verdade, sem problemas, sem poréns. Sem dramas. Ele estava ali, nunca tão consciente de si mesmo, nunca tão aberto, nunca tão flagrante, nunca tão sem juízo, sem cuidado, sem passado. O nunca do presente; sem igual...
Pediu, chamou, disse com todas as letras que queria escrever. De amor, de paz, de construção. Mas só ficou o vazio. O silêncio. E, então, ele se lembrou do passado, da dor, do desamor. Lá se foi, sem olhar para trás; deixando apenas as palavras abandonadas de promessa. Layla voltou para o ex-marido.
7.9.09
Fragmentos
Apenas alguns fragmentos na estranha lógica de um personagem....
Festas de final de semana. Bailes; essa palavra ainda existe? Brincadeiras no sítio. Corridas, piques, gatos sumindo.... carnaval no clube. Sorveteria em Black Point....primos, amigos, linda infância. Sambinha na Federal. Black Night. Universidade do Chopp. Segóvia?!?!?! Matinê da NY. Pranchas de desenho e auto-cad.... Luaus em copa: SESC!!! Oficina do Samba em VP... Excentric!!! Churrascos em Bangu. Bunker!!! Farras, da Praça Quinze até a Happy Hour do Rio Centro com "the lawyer"... Computadores em Botafogo, diretamente para IACS. Fundição. Saudosa Lapa, pé-sujo com sinuca. Rastros e caminhos. Choppadas. Amigos de faculdade. Churrascos na Tá com televisões voando e chá de sumiço. Cuquinha sacudindo na Grajaú-Jpa. Deitar na mesa de trabalho, tarde da noite.... Ai, meu lindo Rio e saudosa Nickity. Danças na chuva. Conversas até de manhã. Cachorro para passear. Bar de doidões. Sapatos perdidos. Ônibus com entrada diferente. Jantares em Pinheiros. Pimentas na Lapa. Sesc Pompéia. Com tênis, homem não entra na disco.... E Matrix!!! O Bexiga, ai, ai, ai. Alguma coisa acontece no meu coração... Castelinho da Fio, roxo de novidade. Festas juninas. Garoto manteiga, que saudade! E o moço do pé calçado, o outro sem meia. Aninha, aprendi a dizer não...às vezes....risadas com Babs, conversas com Mano e muita festa com sr e sra V Rocha. Container!!!Rastros de novo. Com botas e tombos em pontes. Ônibus de dois andares. Uísque com red bull. Drinks vermelhos. Gongos batendo, pubs fechando. Albergues e casinha de porta amarela na estrada da memória...sem fim..... saudade de Rick milk shake..... Recreio lindo. Praia da Macumba. Grumari. Ai, que pôr do sol. Deitada na pedra. Restaurantes, caronas de moto. Carro quase caindo na reserva. E o saudoso Kananga do Hilos, era assim que escrevia? Quem nunca comeu carne de côco, come cinco, olhando a praia... dedos do pé, apaixonados, brincando na areia. Cabaninhas; oh, malandragem, dá um tempo.... pousadas, escadas, tantas fases.... Eu lembro do onze de perdido.... das festas insanas, das pipocas sacanas... Mezcal no instante, botas intermitentes, festas com fadas azuis na loucura de "promover a paz mundial"... na varanda, seu olho azul. Castanho. Verde kriptonita..... Branco, moreno. Cabelos lisos. Escuros. Tudo permeado por carteiras perdidas, garrafas vazias e cigarros.... amigos caídos ali, mas já não era na "p de praia de maricá".... não, Danizinha, não beba mais. Não, Danizinha, não esqueça mais... Prédio alto. Segurança para entrar. Francês, charmoso, ao pé do ouvido. Aussie, aussie, aussie. Cangurus, pernas e liberdade. Coalas e lindos gambás. Barracas, amigos, amigos, amigos; melting pot.... salsa sexta-feira. Valley. Fringe bar.....The Victory, dear M. A casa das festas....one more try, dear Joe. Acomodação mil estrelas. Aconchegos no carro. Coração aportando em Saint Lucia. Às vezes, saudades.... my babies....Copacabana essa semana, princesinha do mar..... varandas... rodízio de japonês. Todo dia, uma festa, uma visita, um país; algum eu. Paraty, mais uma vez, logo ali. Na carona da lembrança, dos amigos. E lembra do Incrível Hulk, passaporte para Austrália... Muda de elevador, muda de estado, mais uma vez. Brasília, tempo de seca, tempo de viver, mudar, voltar a ser sério para variar.....para então ser louco e lembrar cada fragmento que nos leva em frente, Mana, para, de novo, mudar.............. Ainda bem.
Festas de final de semana. Bailes; essa palavra ainda existe? Brincadeiras no sítio. Corridas, piques, gatos sumindo.... carnaval no clube. Sorveteria em Black Point....primos, amigos, linda infância. Sambinha na Federal. Black Night. Universidade do Chopp. Segóvia?!?!?! Matinê da NY. Pranchas de desenho e auto-cad.... Luaus em copa: SESC!!! Oficina do Samba em VP... Excentric!!! Churrascos em Bangu. Bunker!!! Farras, da Praça Quinze até a Happy Hour do Rio Centro com "the lawyer"... Computadores em Botafogo, diretamente para IACS. Fundição. Saudosa Lapa, pé-sujo com sinuca. Rastros e caminhos. Choppadas. Amigos de faculdade. Churrascos na Tá com televisões voando e chá de sumiço. Cuquinha sacudindo na Grajaú-Jpa. Deitar na mesa de trabalho, tarde da noite.... Ai, meu lindo Rio e saudosa Nickity. Danças na chuva. Conversas até de manhã. Cachorro para passear. Bar de doidões. Sapatos perdidos. Ônibus com entrada diferente. Jantares em Pinheiros. Pimentas na Lapa. Sesc Pompéia. Com tênis, homem não entra na disco.... E Matrix!!! O Bexiga, ai, ai, ai. Alguma coisa acontece no meu coração... Castelinho da Fio, roxo de novidade. Festas juninas. Garoto manteiga, que saudade! E o moço do pé calçado, o outro sem meia. Aninha, aprendi a dizer não...às vezes....risadas com Babs, conversas com Mano e muita festa com sr e sra V Rocha. Container!!!Rastros de novo. Com botas e tombos em pontes. Ônibus de dois andares. Uísque com red bull. Drinks vermelhos. Gongos batendo, pubs fechando. Albergues e casinha de porta amarela na estrada da memória...sem fim..... saudade de Rick milk shake..... Recreio lindo. Praia da Macumba. Grumari. Ai, que pôr do sol. Deitada na pedra. Restaurantes, caronas de moto. Carro quase caindo na reserva. E o saudoso Kananga do Hilos, era assim que escrevia? Quem nunca comeu carne de côco, come cinco, olhando a praia... dedos do pé, apaixonados, brincando na areia. Cabaninhas; oh, malandragem, dá um tempo.... pousadas, escadas, tantas fases.... Eu lembro do onze de perdido.... das festas insanas, das pipocas sacanas... Mezcal no instante, botas intermitentes, festas com fadas azuis na loucura de "promover a paz mundial"... na varanda, seu olho azul. Castanho. Verde kriptonita..... Branco, moreno. Cabelos lisos. Escuros. Tudo permeado por carteiras perdidas, garrafas vazias e cigarros.... amigos caídos ali, mas já não era na "p de praia de maricá".... não, Danizinha, não beba mais. Não, Danizinha, não esqueça mais... Prédio alto. Segurança para entrar. Francês, charmoso, ao pé do ouvido. Aussie, aussie, aussie. Cangurus, pernas e liberdade. Coalas e lindos gambás. Barracas, amigos, amigos, amigos; melting pot.... salsa sexta-feira. Valley. Fringe bar.....The Victory, dear M. A casa das festas....one more try, dear Joe. Acomodação mil estrelas. Aconchegos no carro. Coração aportando em Saint Lucia. Às vezes, saudades.... my babies....Copacabana essa semana, princesinha do mar..... varandas... rodízio de japonês. Todo dia, uma festa, uma visita, um país; algum eu. Paraty, mais uma vez, logo ali. Na carona da lembrança, dos amigos. E lembra do Incrível Hulk, passaporte para Austrália... Muda de elevador, muda de estado, mais uma vez. Brasília, tempo de seca, tempo de viver, mudar, voltar a ser sério para variar.....para então ser louco e lembrar cada fragmento que nos leva em frente, Mana, para, de novo, mudar.............. Ainda bem.
28.8.09
Paixão....
Quase sempre de braços abertos e sorriso largo, como em um mergulho para a vida... Cheia de expectativas, é movida à paixão, à novidade, a prazeres; por vezes, efêmeros, por vezes eternos na memória. Do nada, sem explicações, é como uma criança com um novo brinquedo. Assim aprende os segredos de uma nova profissão, de um novo trabalho, de um novo amor, de uma nova cultura.
Vai mudando, vai vivendo, vai achando o que, de comum, há no mundo. Vai aprendendo, vai sofrendo com diferenças, vai apanhando por confiar, vai seguindo, feliz, a trilha de quem nunca está no mesmo lugar, nem mesmo parado.
Com a memória maleável, para trazer as doces lembranças e perdoar as agruras do mundo. Dolorida de aprendizado, muitas vezes. Com fases de hibernação, de transformação, ou incorporação. Momentos necessários para absorção de tantos outros eus, tantas mudanças, tantos referenciais perdidos.....
Ao olhar para trás, só agradece. Mesmo que perca os caminhos, que apague os passos, que veja o mundo abrir a sua frente, desesperador convite em um leque de oportunidades....a serem escolhidas....Corpo e alma mutável, na cadência errante de existência inquieta.
Ela também se redescobre, sóbria. Aprecia a própria timidez. Quase menina, sem experiência, voz baixa que, sem perceber, às vezes solta uma piada. Menina enrolada, trocando palavras, mediante pessoas desconhecidas. Mas abaixa os olhos fugidios e sorri, de qualquer maneira, abraçando ao mundo, esse aterrorizante desconhecido em pessoas.....
Pessoas de quem depende. Metafórica e literalmente. Um dia para dizer que, também, é necessário estender a mão e simplesmente pedir ajuda. Ser humilde para pedir, para "perturbar" e até para aceitar o "não", pois ninguém sabe o prejuízo da alma livre, ao depender; mesmo assim, outros não sendo obrigados a ajudar.
De peito aberto, ama o novo, ama o desconhecido, ama até os cabelos claros, os novos olhos e ama a imaginação, ama a experiência, ama o depender de um novo alguém, ama o respirar imaginado, o gosto compartilhado, ama o mundo de novidades, ama o amor, ama, até mesmo, o efêmero estar apaixonado. É a vida, todos os dias. O ar que se respira em novidade. Um outro alguém em você. Quando muda, ou quando se redescobre em alguém. Com alguém. Para alguém. E, enfim, sendo novo para outrem.
Vai mudando, vai vivendo, vai achando o que, de comum, há no mundo. Vai aprendendo, vai sofrendo com diferenças, vai apanhando por confiar, vai seguindo, feliz, a trilha de quem nunca está no mesmo lugar, nem mesmo parado.
Com a memória maleável, para trazer as doces lembranças e perdoar as agruras do mundo. Dolorida de aprendizado, muitas vezes. Com fases de hibernação, de transformação, ou incorporação. Momentos necessários para absorção de tantos outros eus, tantas mudanças, tantos referenciais perdidos.....
Ao olhar para trás, só agradece. Mesmo que perca os caminhos, que apague os passos, que veja o mundo abrir a sua frente, desesperador convite em um leque de oportunidades....a serem escolhidas....Corpo e alma mutável, na cadência errante de existência inquieta.
Ela também se redescobre, sóbria. Aprecia a própria timidez. Quase menina, sem experiência, voz baixa que, sem perceber, às vezes solta uma piada. Menina enrolada, trocando palavras, mediante pessoas desconhecidas. Mas abaixa os olhos fugidios e sorri, de qualquer maneira, abraçando ao mundo, esse aterrorizante desconhecido em pessoas.....
Pessoas de quem depende. Metafórica e literalmente. Um dia para dizer que, também, é necessário estender a mão e simplesmente pedir ajuda. Ser humilde para pedir, para "perturbar" e até para aceitar o "não", pois ninguém sabe o prejuízo da alma livre, ao depender; mesmo assim, outros não sendo obrigados a ajudar.
De peito aberto, ama o novo, ama o desconhecido, ama até os cabelos claros, os novos olhos e ama a imaginação, ama a experiência, ama o depender de um novo alguém, ama o respirar imaginado, o gosto compartilhado, ama o mundo de novidades, ama o amor, ama, até mesmo, o efêmero estar apaixonado. É a vida, todos os dias. O ar que se respira em novidade. Um outro alguém em você. Quando muda, ou quando se redescobre em alguém. Com alguém. Para alguém. E, enfim, sendo novo para outrem.
22.8.09
Doente de rotina: já vem um novo amor....
Piores que qualquer restrição física são os arreios na alma. Quando limitamos nossa existência a uma simples verdade, a um horário forjado e reforçado na história da industrialização, a estruturas políticas e sociais que ajudam a organizar nosso bagunçado instinto.
Todos os dias, nossas vidas são invadidas por doentes de cotidiano que brigam pela última vaga no estacionamento, que xingam no sinal, que maximizam as nêuras dos atos repetidos e que explodem em idiossincrasias políticas, de vaidade.
Oh, no, Lord... Dê força para os que se levantam, no motim de sentimentos, para proferir palavras rudes e agressivas, sustentar suas imagens, com as quais se preocupam tanto, parecem defender a própria vida.... Para que reflitam...
Os anos passam, as rugas chegam, o corpo falha, as cidades mudam; as experiências explodem. Com sorte. Mais sorte ainda os que têm a habilidade e o privilégio de manter a memória viva: os preciosos amigos. Mas há os que arrastam a personalidade, incapazes de mudar a vírgula de lugar, porque "assim tem de ser", porque "assim eu disse que seria", porque "assim é a minha vida". Não que se deva condenar, porém, difícil compreender quem se acostuma com o ruim, quem se acomoda no mais ou menos, quem se resigna a uma existência mais submissa, quase nula.
Cada céu é um horizonte. Cada pôr-do-sol é uma mensagem de um milagre. Da vida, tudo tão lindo que nos cerca, da Natureza, pronta para evoluir, para vencer as situações desafiadoras, para ultrapassar qualquer limite. Inexplicável, mutável, admirável. Ao olhar as ondas do mar, não há cotidiano, mesmo que sejam ondas.... Há volumes, cores, velocidades, tudo diferente, em um conjunto e contexto diferente. A Natureza não se permite estagnação. Há destruição, terremoto, mas há muita energia e as placas tectônicas se acomodam... Chove sem parar e que linda a atmosfera, que “voluptuosos” os rios, os mares, as nascentes, quase de pura vida...
Há tanta poesia ao redor que o cotidiano não deveria ser tão maçante, destruidor. Em frente a nossas máquinas, com desktops de realidade, nos mundos paralelos que desculpam nossa existência de regras sem sentido, perdemos a noção.... O todo é para sustentar algo que não se sabe, não se pensa, nem se quer ou não; só é, só existe. Os intuitos se perdem em caminhos tortuosos, em labirintos que, novamente, auto-justificam todas as loucas lógicas que se cruzam, que se batem, que se ignoram, em verdades de culturas diferentes.
Não, não. Esse personagem é quase, mas não é anarquista. Ele admira a beleza do mesmo amor, ele entende a facilidade da estrutura, contudo, menospreza o automático, a perda dos próprios propósitos. Insiste que, no erro, na mudança, no diferente, é que os seres são confrontados com mil questionamentos para mudar, para melhorar, para exercer a liberdade de escolher. Se é tudo assim mesmo, não há escolha, não há vida, há repetição, há acomodação. Esse personagem sabe admirar a escolha já feita, a felicidade já acomodada, mas que, sempre, sempre, pode ser mudada, aperfeiçoada, salvo em criaturas aprisionadas em si mesmas, sem alma, sem personalidade, sem “existência real”, sem um amor que os mova na direção dos ideais, naquele instante de gozo que vale a vida inteira!
Romântico demais talvez. Crédulo exagerado talvez. Antes o virtuosismo otimista que o rancoroso eu, ego inflado e inflamado em escancarado egoísmo. Sem religião, cheio de amor, o personagem ainda pede perdão, "eles não sabem o que fazem...”. Nem pelo que fazem, tampouco como fazer.... Oh, humanidade perdida em conceitos, preconceitos e vaidades.... Vergonha as nossas, personagens, fazer o quê, simples e boçais humanos.....
Todos os dias, nossas vidas são invadidas por doentes de cotidiano que brigam pela última vaga no estacionamento, que xingam no sinal, que maximizam as nêuras dos atos repetidos e que explodem em idiossincrasias políticas, de vaidade.
Oh, no, Lord... Dê força para os que se levantam, no motim de sentimentos, para proferir palavras rudes e agressivas, sustentar suas imagens, com as quais se preocupam tanto, parecem defender a própria vida.... Para que reflitam...
Os anos passam, as rugas chegam, o corpo falha, as cidades mudam; as experiências explodem. Com sorte. Mais sorte ainda os que têm a habilidade e o privilégio de manter a memória viva: os preciosos amigos. Mas há os que arrastam a personalidade, incapazes de mudar a vírgula de lugar, porque "assim tem de ser", porque "assim eu disse que seria", porque "assim é a minha vida". Não que se deva condenar, porém, difícil compreender quem se acostuma com o ruim, quem se acomoda no mais ou menos, quem se resigna a uma existência mais submissa, quase nula.
Cada céu é um horizonte. Cada pôr-do-sol é uma mensagem de um milagre. Da vida, tudo tão lindo que nos cerca, da Natureza, pronta para evoluir, para vencer as situações desafiadoras, para ultrapassar qualquer limite. Inexplicável, mutável, admirável. Ao olhar as ondas do mar, não há cotidiano, mesmo que sejam ondas.... Há volumes, cores, velocidades, tudo diferente, em um conjunto e contexto diferente. A Natureza não se permite estagnação. Há destruição, terremoto, mas há muita energia e as placas tectônicas se acomodam... Chove sem parar e que linda a atmosfera, que “voluptuosos” os rios, os mares, as nascentes, quase de pura vida...
Há tanta poesia ao redor que o cotidiano não deveria ser tão maçante, destruidor. Em frente a nossas máquinas, com desktops de realidade, nos mundos paralelos que desculpam nossa existência de regras sem sentido, perdemos a noção.... O todo é para sustentar algo que não se sabe, não se pensa, nem se quer ou não; só é, só existe. Os intuitos se perdem em caminhos tortuosos, em labirintos que, novamente, auto-justificam todas as loucas lógicas que se cruzam, que se batem, que se ignoram, em verdades de culturas diferentes.
Não, não. Esse personagem é quase, mas não é anarquista. Ele admira a beleza do mesmo amor, ele entende a facilidade da estrutura, contudo, menospreza o automático, a perda dos próprios propósitos. Insiste que, no erro, na mudança, no diferente, é que os seres são confrontados com mil questionamentos para mudar, para melhorar, para exercer a liberdade de escolher. Se é tudo assim mesmo, não há escolha, não há vida, há repetição, há acomodação. Esse personagem sabe admirar a escolha já feita, a felicidade já acomodada, mas que, sempre, sempre, pode ser mudada, aperfeiçoada, salvo em criaturas aprisionadas em si mesmas, sem alma, sem personalidade, sem “existência real”, sem um amor que os mova na direção dos ideais, naquele instante de gozo que vale a vida inteira!
Romântico demais talvez. Crédulo exagerado talvez. Antes o virtuosismo otimista que o rancoroso eu, ego inflado e inflamado em escancarado egoísmo. Sem religião, cheio de amor, o personagem ainda pede perdão, "eles não sabem o que fazem...”. Nem pelo que fazem, tampouco como fazer.... Oh, humanidade perdida em conceitos, preconceitos e vaidades.... Vergonha as nossas, personagens, fazer o quê, simples e boçais humanos.....
17.8.09
Adeus
Um rosto que deforma a memória.
Envelhecido. Doído de passado.
Um rosto que engana.
Esconde o passado de amor...
Um gosto de "extremismo".
Um quê de resolução.
Um gosto de punição.
Perdendo, nós e nós....
Uma visão de passado.
Um resquíco de dor.
Uma visão de futuro.
Uma ausência total.
Uma palavra de basta.
Mais uma fuga.
Uma palavra não proferida.
Mais um adeus.
Envelhecido. Doído de passado.
Um rosto que engana.
Esconde o passado de amor...
Um gosto de "extremismo".
Um quê de resolução.
Um gosto de punição.
Perdendo, nós e nós....
Uma visão de passado.
Um resquíco de dor.
Uma visão de futuro.
Uma ausência total.
Uma palavra de basta.
Mais uma fuga.
Uma palavra não proferida.
Mais um adeus.
11.8.09
Memória...
Memória; entre os mistérios inerentes ao corpo humano, algo fascinante. Uma música, uma simples música pode te remeter a outro país, quase como uma viagem ao passado. Uma música pode trazer o corpo de outro alguém, pode trazer o cheiro, o gosto, quase a experiência de reviver um amor.
Como em cadeia, um elo de emoções, as memórias flutuam, sem convite, sem ordem lógica, trazendo, de volta à vida, uma série de acontecimentos passados que a pessoa nem julgava lembrar. Um almoço, uma festa, um delicado momento a dois perdido no tempo.
Serão todas as memórias "eufemistas"? Vêm momentos felizes, momentos únicos, momentos prontos para serem lembrados. Não importam todos os estranhos contextos nos quais eles estiveram inseridos, a memória apaga e traz aquela peça do quebra-cabeça com a foto mais bonita, mais intrigante.
Interessante que, ao olhar para trás, seja possível lembrar um episódio adolescente, de um grupo de amigos, pulando a cerca, literalmente, para assistir a um show. E de quem era o show? Ninguém faz a menor ideia. Exemplo clássico de como opera a memória. Perfunctórias fases da vida explodem significado, quando aliadas a uma pessoa, a um lugar, a uma personalidade específica.
Difícil dizer quais meandros da realidade ficam impressos por meio dessa temperamental escritora-memória, que arranca algumas páginas, liberando espaço para uma existência feliz, por vezes, repleta dos mesmos erros atirados ao vento.
É como uma chuva fina, insistente, que acompanha, que transborda emoções, esfria o corpo e aquece a alma, às vezes mais forte, muitas vezes sutil, num fenônemo que pode ser belo, quase poético, quando conjugado com nuvens e idílicos cenários imaginados, ou pode ser uma torrencial tempestade de questionamentos e reconstrução pessoal.
Pode ser a chuva fina na varanda de um hotel, café da manhã romântico esperando, pode ser a viagem turística, o atoleiro na lama, pode ser a corrida no meio da tempestade, cantando aos berros qualquer música simbólica, ou mesmo a reflexão, em frente ao computador, com os olhos voando pela janela, na carona de um espírito livre que já voou e se perdeu muito. Ainda bem...
"Não tenho mais nada senão meu passado. Mas ele não é mais nem felicidade nem orgulho: é um enigma, uma angústia. Queria arrancar sua verdade. Mas pode-se fiar na própria memória? Eu esqueci muito, e parece que às vezes, mesmo, eu reformo os fatos".*
A mulher desiludida, Simone de Beauvoir*
Como em cadeia, um elo de emoções, as memórias flutuam, sem convite, sem ordem lógica, trazendo, de volta à vida, uma série de acontecimentos passados que a pessoa nem julgava lembrar. Um almoço, uma festa, um delicado momento a dois perdido no tempo.
Serão todas as memórias "eufemistas"? Vêm momentos felizes, momentos únicos, momentos prontos para serem lembrados. Não importam todos os estranhos contextos nos quais eles estiveram inseridos, a memória apaga e traz aquela peça do quebra-cabeça com a foto mais bonita, mais intrigante.
Interessante que, ao olhar para trás, seja possível lembrar um episódio adolescente, de um grupo de amigos, pulando a cerca, literalmente, para assistir a um show. E de quem era o show? Ninguém faz a menor ideia. Exemplo clássico de como opera a memória. Perfunctórias fases da vida explodem significado, quando aliadas a uma pessoa, a um lugar, a uma personalidade específica.
Difícil dizer quais meandros da realidade ficam impressos por meio dessa temperamental escritora-memória, que arranca algumas páginas, liberando espaço para uma existência feliz, por vezes, repleta dos mesmos erros atirados ao vento.
É como uma chuva fina, insistente, que acompanha, que transborda emoções, esfria o corpo e aquece a alma, às vezes mais forte, muitas vezes sutil, num fenônemo que pode ser belo, quase poético, quando conjugado com nuvens e idílicos cenários imaginados, ou pode ser uma torrencial tempestade de questionamentos e reconstrução pessoal.
Pode ser a chuva fina na varanda de um hotel, café da manhã romântico esperando, pode ser a viagem turística, o atoleiro na lama, pode ser a corrida no meio da tempestade, cantando aos berros qualquer música simbólica, ou mesmo a reflexão, em frente ao computador, com os olhos voando pela janela, na carona de um espírito livre que já voou e se perdeu muito. Ainda bem...
"Não tenho mais nada senão meu passado. Mas ele não é mais nem felicidade nem orgulho: é um enigma, uma angústia. Queria arrancar sua verdade. Mas pode-se fiar na própria memória? Eu esqueci muito, e parece que às vezes, mesmo, eu reformo os fatos".*
A mulher desiludida, Simone de Beauvoir*
6.8.09
(Don't) Get loose
O paciente chega. Já está cansado de médicos, de curativos, de letargia existencial. Quer, claro, o que não pode ter: rodadas de chopp, trilhas no meio de paradisíacos locais desconhecidos do resto do mundo, dança na chuva, baderna recheada de amigos, noites de salsa às sextas-feiras, quadras de tênis e bolas indo para lugar nenhum, sambinha gostoso de sábado, chorinho ao pé do ouvido, noitadas na Lapa... Paciência não é o seu nome!
Lê um livro, refúgio e acalento para uma existência sem prazeres e êxtases de movimento. Tenta se desligar dos papos sobre doença, sobre curativos, tudo que quer esquecer. Saramago o distrai. Nem ouve mais a torrencial chuva que cai sobre o lindo Rio de Janeiro. Sua vez, finalmente.
O médico, com um largo sorrigo, pede para ele deitar. O irmão, parceiro, acompanha. Já consegue deitar sozinho. Nervoso, talvez, não pára de falar.
O médico faz perguntas, olha o curativo, faz observações que o paciente vai, provavelmente, esquecer. Devia andar com um bloco, anotando tudo que as pessoas falam, mal da profissão....
Antes de tirar os pontos, o médico abaixa para abrir o armário. De repente, o paciente só sente a tesoura voando na sua perna. "Bom para distrair", pensa o personagem-paciente, não muito afeito a procedimentos ligados ao juramento de Hipócrates, pelo menos fora da teoria....
O médico fala, fala e ele também, responde, provavelmente falando sobre coisas que nada tem a ver com a situação: o médico deve achar que ele é louco. "Isso mesmo, continua falando, assim não presto atenção no que você está fazendo", pede o paciente. "Mas tirar os pontos não dói, dá só um nervoso", retruca o médico.
Ele olha o teto, deu para isso agora.... "Toda o dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito"...."Agora vamos embora, estamos, meu bem, por um triz para o dia nascer feliz, o mundo acordar e a gente dormir".....
É, não doeu mesmo. Ainda olhando o teto, deitado, conversa. Vai se mudar e o médico, provavelmente apavorado, achando que o paciente louco vai fazer a mudança ele mesmo. Não, não, o irmão vai junto. "Onde andará aquele número de mudança", pensa ele. "12a casa em três anos e meio, sosseguei um pouco", brinca consigo mesmo.
"Me dê de presente o teu bis, pro dia nascer feliz, o mundo inteiro acordar e a gente dormir"..... Num rompante, distraído, pensando nos eventos do trabalho, nos amigos, levanta-se rapidamente e sente o incômodo. Quase se esquece o porquê de estar ali, o que acabou de fazer. "É estranho ficar conversando deitado", afirma.
Posso, não posso, posso, não posso, pergunta o paciente, repetindo as respostas do médico mentalmente. Ele se sente o garotinho aprendendo a ver horas: "mas por que não posso olhar no relógio digital?"..... Não pode fazer exercício, nada de impacto, não pode, não pode.... Verdade que ele nunca gostou da palavra não...
Mas ele já não é um garotinho, "comporte-se como um adulto", pensa ele, "pare de choramingar porque não pode fazer trilha, dançar e encher a cara com os amigos em loucas festas que terminam com o nascer do sol", radicaliza consigo mesmo...
--------------
No carro, o irmão brinca: "olha, se eu não conhecesse o médico, se a cirurgia não tivesse feita, eu iria ficar preocupado. Ele virou para o lado, tacou a cabeça na luz. Abaixou para abrir o armário e tacou a cabeça nele. Quando subiu, deixou voar a tesoura. Quase achei que ele não estava enxergando! Se fosse antes da cirurgia, era capaz de te tirar dali"..... Família de gozadores, mas que, em seguida, elogiam o profissionalismo e detalhismo do médico.
Saber esperar, paciência, meio termo, virtudes e/ou necessidades na vida desse personagem-paciente-exagerado.
"Let's start all over again................This is saturday night, get loose.....My baby just cares for me"....
Lê um livro, refúgio e acalento para uma existência sem prazeres e êxtases de movimento. Tenta se desligar dos papos sobre doença, sobre curativos, tudo que quer esquecer. Saramago o distrai. Nem ouve mais a torrencial chuva que cai sobre o lindo Rio de Janeiro. Sua vez, finalmente.
O médico, com um largo sorrigo, pede para ele deitar. O irmão, parceiro, acompanha. Já consegue deitar sozinho. Nervoso, talvez, não pára de falar.
O médico faz perguntas, olha o curativo, faz observações que o paciente vai, provavelmente, esquecer. Devia andar com um bloco, anotando tudo que as pessoas falam, mal da profissão....
Antes de tirar os pontos, o médico abaixa para abrir o armário. De repente, o paciente só sente a tesoura voando na sua perna. "Bom para distrair", pensa o personagem-paciente, não muito afeito a procedimentos ligados ao juramento de Hipócrates, pelo menos fora da teoria....
O médico fala, fala e ele também, responde, provavelmente falando sobre coisas que nada tem a ver com a situação: o médico deve achar que ele é louco. "Isso mesmo, continua falando, assim não presto atenção no que você está fazendo", pede o paciente. "Mas tirar os pontos não dói, dá só um nervoso", retruca o médico.
Ele olha o teto, deu para isso agora.... "Toda o dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito"...."Agora vamos embora, estamos, meu bem, por um triz para o dia nascer feliz, o mundo acordar e a gente dormir".....
É, não doeu mesmo. Ainda olhando o teto, deitado, conversa. Vai se mudar e o médico, provavelmente apavorado, achando que o paciente louco vai fazer a mudança ele mesmo. Não, não, o irmão vai junto. "Onde andará aquele número de mudança", pensa ele. "12a casa em três anos e meio, sosseguei um pouco", brinca consigo mesmo.
"Me dê de presente o teu bis, pro dia nascer feliz, o mundo inteiro acordar e a gente dormir"..... Num rompante, distraído, pensando nos eventos do trabalho, nos amigos, levanta-se rapidamente e sente o incômodo. Quase se esquece o porquê de estar ali, o que acabou de fazer. "É estranho ficar conversando deitado", afirma.
Posso, não posso, posso, não posso, pergunta o paciente, repetindo as respostas do médico mentalmente. Ele se sente o garotinho aprendendo a ver horas: "mas por que não posso olhar no relógio digital?"..... Não pode fazer exercício, nada de impacto, não pode, não pode.... Verdade que ele nunca gostou da palavra não...
Mas ele já não é um garotinho, "comporte-se como um adulto", pensa ele, "pare de choramingar porque não pode fazer trilha, dançar e encher a cara com os amigos em loucas festas que terminam com o nascer do sol", radicaliza consigo mesmo...
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No carro, o irmão brinca: "olha, se eu não conhecesse o médico, se a cirurgia não tivesse feita, eu iria ficar preocupado. Ele virou para o lado, tacou a cabeça na luz. Abaixou para abrir o armário e tacou a cabeça nele. Quando subiu, deixou voar a tesoura. Quase achei que ele não estava enxergando! Se fosse antes da cirurgia, era capaz de te tirar dali"..... Família de gozadores, mas que, em seguida, elogiam o profissionalismo e detalhismo do médico.
Saber esperar, paciência, meio termo, virtudes e/ou necessidades na vida desse personagem-paciente-exagerado.
"Let's start all over again................This is saturday night, get loose.....My baby just cares for me"....
1.8.09
Alice retorna ao país das maravilhas
Fabi, querida, resolvi te escrever. Hoje, finalmente, eu me enchi da coragem que precisava. Abri os armários, retirei tudo que ainda restava dele. Calças velhas, jeans tão surrados como andava a nossa relação. Peguei as camisas, as cuecas sem charme e até a havaiana que ele adorava e taquei tudo em um saco, desses de supermercado mesmo, sabe? Meio simbólico tirar aquela tralha, sem uso, do meu armário. Como dizem, para abrir espaço! Mandei entregar no escritório dele, assim, nem precisava me dar ao trabalho de encontrá-lo. A escova de dentes, sei lá, parece ainda mais simbólico; joguei no lixo. Foi como me desvencilhar daquela boca, colocando-a no passado.
À parte disso, ando trabalhando muito, faz tempo que não me sinto tão produtiva. Estou investindo em mim mesma, estou cheia de projetos e futuros clientes. Plantando as sementes dos futuros lucros, literalmente! Também dei uma aula experimental na faculdade e parece que vou ser contratada, então, estou concorrendo para a trabalhadora exemplar do ano (risos!).
No campo sentimental, menina, nem te conto! Meu irmão me apresentou um amigo, um cara super interessante, sabe conversar sobre qualquer assunto, fala mil idiomas, já morou fora, tem um monte de histórias. Bom, ele não é canhoto, mas tem mil outras qualidades... Está pensando em fazer pós-doutourado, acredita?! Trabalha aqui pertinho da minha casa. Bonito (corpo sarado, com uma tatuagem, colorida, ilustrando aquelas costas musculosas: ai, ai!), inteligente, gente boa, engraçado e ainda tem um labrador; sim, um labrador, cachorro que eu amo! Ah, se eu soubesse desse mundão aí afora, já teria saído da minha inércia sentimental há tempos!
Ai, amiga, queria escrever mais, só que acabo de receber um telefonema do amigo do "Encosto"... Aparentemente, ele está na cadeia; encheu a cara e foi pego bêbado, sem documento, dirigindo o carro. Ligou a cobrar para o amigo e quer que eu vá lá para pagar a fiança e buscá-lo... Ai, meu Deus, lá vou eu. Não é ex-namorado, é filho...
Estou indo para um congresso em Brasília, mas, juro, assim que conseguir ficar menos enrolada, vou aí em Sampa, para gente conversar, dar bastante risada e lembrar casos antigos. Quem sabe não levo o novo Gatinho comigo? Garanto que ele nunca foi preso!
Um grande abraço,
Alice
À parte disso, ando trabalhando muito, faz tempo que não me sinto tão produtiva. Estou investindo em mim mesma, estou cheia de projetos e futuros clientes. Plantando as sementes dos futuros lucros, literalmente! Também dei uma aula experimental na faculdade e parece que vou ser contratada, então, estou concorrendo para a trabalhadora exemplar do ano (risos!).
No campo sentimental, menina, nem te conto! Meu irmão me apresentou um amigo, um cara super interessante, sabe conversar sobre qualquer assunto, fala mil idiomas, já morou fora, tem um monte de histórias. Bom, ele não é canhoto, mas tem mil outras qualidades... Está pensando em fazer pós-doutourado, acredita?! Trabalha aqui pertinho da minha casa. Bonito (corpo sarado, com uma tatuagem, colorida, ilustrando aquelas costas musculosas: ai, ai!), inteligente, gente boa, engraçado e ainda tem um labrador; sim, um labrador, cachorro que eu amo! Ah, se eu soubesse desse mundão aí afora, já teria saído da minha inércia sentimental há tempos!
Ai, amiga, queria escrever mais, só que acabo de receber um telefonema do amigo do "Encosto"... Aparentemente, ele está na cadeia; encheu a cara e foi pego bêbado, sem documento, dirigindo o carro. Ligou a cobrar para o amigo e quer que eu vá lá para pagar a fiança e buscá-lo... Ai, meu Deus, lá vou eu. Não é ex-namorado, é filho...
Estou indo para um congresso em Brasília, mas, juro, assim que conseguir ficar menos enrolada, vou aí em Sampa, para gente conversar, dar bastante risada e lembrar casos antigos. Quem sabe não levo o novo Gatinho comigo? Garanto que ele nunca foi preso!
Um grande abraço,
Alice
30.7.09
Outros...
Há personagens que te levam adiante. Tão admiráveis, abrem o mundo a sua frente, como uma esteira de oportunidades a viver. Fazem parecer tudo tão simples, tão livre, tão sem apego.
Outros, fazem doer a carne. O corpo adoece, a mente surta e te fazem mudar por meio de fuga. Se é para ser ausente, que seja de longe. De realmente longe.
Há personagens lindos, quase obsessivos de tão encucados com uma ideia fixa. No passado. De uma obstinação tão veemente, que beira à loucura.....
Outros, nem sabem da existência alheia. Aparecem, de forma intermitente, trazendo o brilho do passado, um errante presente, para o futuro sumiço.
Há personagens que simplesmente amam. São capazes de esquecer, de pular o trauma e, no fundo, estão sempre ali. Acabam, vez por outra, apegados a detalhes, remoídos de vazios, mas prontos para imensidão do amar contínuo.
Outros, nunca se expressam. Nunca se comprometem. Nunca saem da sua própria visão de mundo. São donos de sua própria verdade, própria história. De tão confusos, chafurdam e confundem todos ao redor....
Há personagens de passeio. Desde os que nada guardam, até os que guardam os segredos da própria moral. Dependem, mas não querem depender. Querem ser livres em desejos, mas escondem a realização dos próprios caprichos.
Outros, sofrem, sofrem e sofrem de novo. Mas escolhem acreditar. Escolhem prosseguir. Escolhem a crença de que há algo que não apodrece com o tempo. De que além de capas de egoísmo, de indecisões pueris, de irresponsabilidades tardias, ainda há GENTE.
Há personagens vampiros. Roubam sua energia, roubam sua crença, roubam a parte adulta que ainda acredita no amor, na magia, na surpresa, no inusitado. Muitos deles estão arraigados de passado....
Outros, estão sempre ali. Amigos, amores, amantes, amados, eles lembram o personagem de quem ele é. De quem ele foi. E da esperança do que ainda pode ser, quando em dúvida, quando amado, quando amando, quando amante.
Há personagens de todos os tipos. Difícil crer que somos muitos deles, misturados, à medida que encontramos personagens que despertam os outros. Os melhores e os piores.
E qual é o segredo DO PERSONAGEM HOJE, AGORA? A resposta não pode ser...outros.....
Outros, fazem doer a carne. O corpo adoece, a mente surta e te fazem mudar por meio de fuga. Se é para ser ausente, que seja de longe. De realmente longe.
Há personagens lindos, quase obsessivos de tão encucados com uma ideia fixa. No passado. De uma obstinação tão veemente, que beira à loucura.....
Outros, nem sabem da existência alheia. Aparecem, de forma intermitente, trazendo o brilho do passado, um errante presente, para o futuro sumiço.
Há personagens que simplesmente amam. São capazes de esquecer, de pular o trauma e, no fundo, estão sempre ali. Acabam, vez por outra, apegados a detalhes, remoídos de vazios, mas prontos para imensidão do amar contínuo.
Outros, nunca se expressam. Nunca se comprometem. Nunca saem da sua própria visão de mundo. São donos de sua própria verdade, própria história. De tão confusos, chafurdam e confundem todos ao redor....
Há personagens de passeio. Desde os que nada guardam, até os que guardam os segredos da própria moral. Dependem, mas não querem depender. Querem ser livres em desejos, mas escondem a realização dos próprios caprichos.
Outros, sofrem, sofrem e sofrem de novo. Mas escolhem acreditar. Escolhem prosseguir. Escolhem a crença de que há algo que não apodrece com o tempo. De que além de capas de egoísmo, de indecisões pueris, de irresponsabilidades tardias, ainda há GENTE.
Há personagens vampiros. Roubam sua energia, roubam sua crença, roubam a parte adulta que ainda acredita no amor, na magia, na surpresa, no inusitado. Muitos deles estão arraigados de passado....
Outros, estão sempre ali. Amigos, amores, amantes, amados, eles lembram o personagem de quem ele é. De quem ele foi. E da esperança do que ainda pode ser, quando em dúvida, quando amado, quando amando, quando amante.
Há personagens de todos os tipos. Difícil crer que somos muitos deles, misturados, à medida que encontramos personagens que despertam os outros. Os melhores e os piores.
E qual é o segredo DO PERSONAGEM HOJE, AGORA? A resposta não pode ser...outros.....
26.7.09
Acorde!
Assim como não olhamos o teto com goteiras e a vastidão de estrelas no céu, não pensamos em simples situações do cotidiano.
Já pensou no quanto de dignididade representa você andar sozinho, caminhar, comer, dirigir, ter seu direito de ir e vir? Mais simbólico ainda é o fato de ir ao banheiro.
Imagina que esteja com uma urgência danada para ir ao banheiro, mas precisa de alguém para te levantar, para te ajudar a arriar as calças e a sentar. Uma vez lá, você senta, faz o que deve fazer - não vou entrar em detalhes escatológicos...- mas tem de esperar alguém para sair do banheiro. Ou, pior, executar o ritual diário de excreção com alguém, impaciente, olhando para você.
Quer beber água e precisa de alguém para pegar, quer organizar suas finanças, mas cada um dos seus papéis está um lugar diferente; se tiver de fazê-lo, terá de pedir para alguém procurar por eles, tentando entender a sua lógica...
O segredo está em cada gesto simples que fazemos, mas que podemos fazer sozinhos. Há os que não levantam da cama. Para os que podem, que o façam literamente e também andem com suas vidas!
Já pensou no quanto de dignididade representa você andar sozinho, caminhar, comer, dirigir, ter seu direito de ir e vir? Mais simbólico ainda é o fato de ir ao banheiro.
Imagina que esteja com uma urgência danada para ir ao banheiro, mas precisa de alguém para te levantar, para te ajudar a arriar as calças e a sentar. Uma vez lá, você senta, faz o que deve fazer - não vou entrar em detalhes escatológicos...- mas tem de esperar alguém para sair do banheiro. Ou, pior, executar o ritual diário de excreção com alguém, impaciente, olhando para você.
Quer beber água e precisa de alguém para pegar, quer organizar suas finanças, mas cada um dos seus papéis está um lugar diferente; se tiver de fazê-lo, terá de pedir para alguém procurar por eles, tentando entender a sua lógica...
O segredo está em cada gesto simples que fazemos, mas que podemos fazer sozinhos. Há os que não levantam da cama. Para os que podem, que o façam literamente e também andem com suas vidas!
21.7.09
Doidos...
Da série coisas esquisitas para se pensar ou sentir, fazendo do ócio algo criativo. Alguma vez passou pela sua cabeça a dor - ou o mesmo o terror precedente - relacionada ao espirro em um recém-operado?
Devem ter os seres inteligentes, onipotentes, veementes em sua sabedoria de que, no primeiro espirro, os pontos não vão arrebentar... Como em um desenho animado, cada pontinho não vai se desfazer, em câmera lenta, culminando com a revolução dos órgãos voadores. Surreal? I know. Mas que dói, dói.....
A linguagem também é uma coisa interessantíssima. Imagina a cena de uma pessoa, ligeiramente desabilitada, sentada na poltrona de um hospital. Aí, chega a auxiliar, da auxiliar, da auxiliar, da auxiliar da enfermeira. Empurra a cadeira de rodas e diz: "prontinho, pode sentar, aqui está a sua cadeira". O que será que passa na cabeça da criatura? Que o paciente fará passos loucos, performáticos, ao contrário, tipo canguru, quiçá homenageando Michael Jackson, para poder sentar...
Outra, da série perguntas idiotas. O paciente está comendo, enrolado, com a mão esquerda. Alguém chega e pergunta o porquê dele não estar ajudando com a direita. E o ser fica na dúvida se o seu soro, bem seguro em sua mão direita, alcançou poderes de invisibilidade.
Mais uma, porque é irrestível... O paciente está sentado, quieto e calado, em frente à televisão, desligada. Alguém chega e pergunta o porquê dele não assistir à TV. Ele reflete e afirma que ainda não avançou nos poderes de teletransporte, para trazer o controle até as suas mãos.....
___________________________________________________________________________________
Estou sem internet, mas, sem reclamações, tenho o velho notebook de guerra! Por isso, perdoem a lerdeza dos posts.
Devem ter os seres inteligentes, onipotentes, veementes em sua sabedoria de que, no primeiro espirro, os pontos não vão arrebentar... Como em um desenho animado, cada pontinho não vai se desfazer, em câmera lenta, culminando com a revolução dos órgãos voadores. Surreal? I know. Mas que dói, dói.....
A linguagem também é uma coisa interessantíssima. Imagina a cena de uma pessoa, ligeiramente desabilitada, sentada na poltrona de um hospital. Aí, chega a auxiliar, da auxiliar, da auxiliar, da auxiliar da enfermeira. Empurra a cadeira de rodas e diz: "prontinho, pode sentar, aqui está a sua cadeira". O que será que passa na cabeça da criatura? Que o paciente fará passos loucos, performáticos, ao contrário, tipo canguru, quiçá homenageando Michael Jackson, para poder sentar...
Outra, da série perguntas idiotas. O paciente está comendo, enrolado, com a mão esquerda. Alguém chega e pergunta o porquê dele não estar ajudando com a direita. E o ser fica na dúvida se o seu soro, bem seguro em sua mão direita, alcançou poderes de invisibilidade.
Mais uma, porque é irrestível... O paciente está sentado, quieto e calado, em frente à televisão, desligada. Alguém chega e pergunta o porquê dele não assistir à TV. Ele reflete e afirma que ainda não avançou nos poderes de teletransporte, para trazer o controle até as suas mãos.....
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Estou sem internet, mas, sem reclamações, tenho o velho notebook de guerra! Por isso, perdoem a lerdeza dos posts.
17.7.09
.....
Pisca os olhos e está em cima de uma maca. Nem sente mais o gosto amargo do tal remedinho que mandaram colocar embaixo da língua. Um enfermeiro gigante de um lado e uma moça do outro. O enfermeiro pergunta alguma coisa. Vai saber.
Ele ri. Pensa no interessante olhar sobre o teto. Afinal, ninguém anda olhando para cima. Lembra da fotógrafa da exposição do CCBB. Em um instante, parece uma criança, "acelera aí"... O enfermeiro, sério, responde que tem de ir devagar...
As luzes vão fazendo um retalho de faíscas, emendando umas nas outras, ao mesmo tempo que a realidade de fios aparentes já não parece tão assustadora. Aí entra no elevador e, caramba, nunca tinha pensado que os elevadores têm de ser grandes para caber a maca... Ou talvez já soubesse, talvez já tenha estudado isso. Vai saber...
Pisca os olhos e está dentro de um quarto, em cima da cama, o irmão olhando. Ué, já foi? Ele se mexe e sabe que sim, uma ligeira dor dá os sinais de boas-vindas. A mãe chega e é só imobilidade em cima da cama. Lembra da médica falando alguma coisa, segurando sua mão. A partir daí, é só um abre curativo daqui, muda soro dali, dá remédio, traz comida, acorda, dorme, acorda, dorme, acorda.
Ele ri. Pensa no interessante olhar sobre o teto. Afinal, ninguém anda olhando para cima. Lembra da fotógrafa da exposição do CCBB. Em um instante, parece uma criança, "acelera aí"... O enfermeiro, sério, responde que tem de ir devagar...
As luzes vão fazendo um retalho de faíscas, emendando umas nas outras, ao mesmo tempo que a realidade de fios aparentes já não parece tão assustadora. Aí entra no elevador e, caramba, nunca tinha pensado que os elevadores têm de ser grandes para caber a maca... Ou talvez já soubesse, talvez já tenha estudado isso. Vai saber...
Pisca os olhos e está dentro de um quarto, em cima da cama, o irmão olhando. Ué, já foi? Ele se mexe e sabe que sim, uma ligeira dor dá os sinais de boas-vindas. A mãe chega e é só imobilidade em cima da cama. Lembra da médica falando alguma coisa, segurando sua mão. A partir daí, é só um abre curativo daqui, muda soro dali, dá remédio, traz comida, acorda, dorme, acorda, dorme, acorda.
10.7.09
(im)Paciente
Já reparou que, muitas vezes, hospitais não têm cara de hospitais? Deve ter a ver com essa coisa da modernidade, de fachada... Ele passou três vezes diante do hospital antes de ler, em letras miúdas, o nome esclarecedor.
A hora, o nervoso, primeira cirurgia da maioridade literal e "não literal". Mas vá lá... Entra no hospital, dá o número do cartão de crédito e deixam ele plantado esperando. Ansiedade? Bobabem, que nada!
Começa a passar mal. Enquanto o irmão estaciona o carro, ele agoniza a espera. Pacientes passando, cadeira de rodas, médica descabelada. Sete da matina. Nada animador.
Corre para o banheiro, passando mal. Olha cada canto do hospital, lembrando histórias de infecção hospitalar, negligência..."foco, vamos lá, se é para fazer, foco".
Volta à entrada, encontra o irmão, já sentado. Um jovem passa com dois sacos cheios de pão. Quentinho. Bobabem, ele só está sem comer há oito horas depois de passar um longo dia comendo canja... Ai, ai.
A luz pisca, uma, duas, três vezes e cai. Fica uma sala acesa: "pelo menos tem gerador", contemporiza o irmão.
A médica chega. Uma face conhecida, graças a Deus. Aliviado, ele levanta e - de forma desconcertada - dá dois beijos na médica. "Você já sabe qual o quarto?", pergunta a médica. 416, ele responde, ou a moça da portaria. Vai saber...
A médica diz que vai esperá-lo no quarto e ele só murmura que ainda está esperando. Na dinâmica não muito dinãmica, chega a enfermeira para levá-lo.
Os corredores do hospital, enquanto é levado, continuam "animadores". Vai vendo a fiação, a conservação. "Eu confio na médica, eu confio na médica", repete mentalmente.
Entra no quarto. "É você o paciente?". Ele olha e responde sim com a cabeça, querendo, quase, fugir. Ai, ai. A anestesista olha os exames, faz algumas perguntas; "que remédio você estava tomando?".
Ele responde que não faz ideia, que só tomou porque estava com uma potencial infecção, mas que há novos exames e que, aliás, ele nunca toma remédio, ele não gosta de ir ao médico, não gosta de hospital... Logo tem de vestir a roupa - aquela da bunda de fora -, fazer isso e aquilo, responder isso e aquilo. Bendita seja a anestesista que já deu logo um "sossega leão" para ele...
A hora, o nervoso, primeira cirurgia da maioridade literal e "não literal". Mas vá lá... Entra no hospital, dá o número do cartão de crédito e deixam ele plantado esperando. Ansiedade? Bobabem, que nada!
Começa a passar mal. Enquanto o irmão estaciona o carro, ele agoniza a espera. Pacientes passando, cadeira de rodas, médica descabelada. Sete da matina. Nada animador.
Corre para o banheiro, passando mal. Olha cada canto do hospital, lembrando histórias de infecção hospitalar, negligência..."foco, vamos lá, se é para fazer, foco".
Volta à entrada, encontra o irmão, já sentado. Um jovem passa com dois sacos cheios de pão. Quentinho. Bobabem, ele só está sem comer há oito horas depois de passar um longo dia comendo canja... Ai, ai.
A luz pisca, uma, duas, três vezes e cai. Fica uma sala acesa: "pelo menos tem gerador", contemporiza o irmão.
A médica chega. Uma face conhecida, graças a Deus. Aliviado, ele levanta e - de forma desconcertada - dá dois beijos na médica. "Você já sabe qual o quarto?", pergunta a médica. 416, ele responde, ou a moça da portaria. Vai saber...
A médica diz que vai esperá-lo no quarto e ele só murmura que ainda está esperando. Na dinâmica não muito dinãmica, chega a enfermeira para levá-lo.
Os corredores do hospital, enquanto é levado, continuam "animadores". Vai vendo a fiação, a conservação. "Eu confio na médica, eu confio na médica", repete mentalmente.
Entra no quarto. "É você o paciente?". Ele olha e responde sim com a cabeça, querendo, quase, fugir. Ai, ai. A anestesista olha os exames, faz algumas perguntas; "que remédio você estava tomando?".
Ele responde que não faz ideia, que só tomou porque estava com uma potencial infecção, mas que há novos exames e que, aliás, ele nunca toma remédio, ele não gosta de ir ao médico, não gosta de hospital... Logo tem de vestir a roupa - aquela da bunda de fora -, fazer isso e aquilo, responder isso e aquilo. Bendita seja a anestesista que já deu logo um "sossega leão" para ele...
2.7.09
"É o que não se pode ver sem o requinte da tristeza..."
Uma estranha névoa ao redor. O friozinho arde no rosto, cheirando à manhã. Orvalho escorrendo pelas janelas do carro, turva é a sujeira dos amanheceres intermitentes....
A brisa corre, arrepio de cheiro, de memória, de novidade. A névoa acompanha. É possível ver, mas os sonhos de nuvens seguem, acompanham o carro, como um tapete de algodões....
Inebriante o ar. É azul, piscina, diferente. Quase confunde o sinal, a pista, o caminho.
De novo. Branco, branco, branco. Que parece neve. Um branco seco. Folhas de esperança, um olhar diferente, mais, para ser visto............. O que é isso, o que é isso, o que é isso? Revira os olhos, curiosidade à flor da pele.
Dançando, no céu rente, as nuvens pintadas, conjugando o branco do verbo vi(m)ver. Lá na esquina, o carro, de portas abertas. Pescoço esticado. Afoito e caloroso olhar e... pingos... Do branco ao arco-íris de derretida bruma..........
A brisa corre, arrepio de cheiro, de memória, de novidade. A névoa acompanha. É possível ver, mas os sonhos de nuvens seguem, acompanham o carro, como um tapete de algodões....
Inebriante o ar. É azul, piscina, diferente. Quase confunde o sinal, a pista, o caminho.
De novo. Branco, branco, branco. Que parece neve. Um branco seco. Folhas de esperança, um olhar diferente, mais, para ser visto............. O que é isso, o que é isso, o que é isso? Revira os olhos, curiosidade à flor da pele.
Dançando, no céu rente, as nuvens pintadas, conjugando o branco do verbo vi(m)ver. Lá na esquina, o carro, de portas abertas. Pescoço esticado. Afoito e caloroso olhar e... pingos... Do branco ao arco-íris de derretida bruma..........
25.6.09
Quando???
Quando sozinho
Corre para o passado
Quando aprisionado
Respira futuro
Quando cheio de saudade
Quer respirar novidade
Quando confuso
Repete o ciclo
Quando recomeça
Não sabe mais a partida
Quando fecha os olhos
Nostalgia do passado
Quando feliz, cotidiano e presente
É a surpresa do novo futuro
Quando?????
Corre para o passado
Quando aprisionado
Respira futuro
Quando cheio de saudade
Quer respirar novidade
Quando confuso
Repete o ciclo
Quando recomeça
Não sabe mais a partida
Quando fecha os olhos
Nostalgia do passado
Quando feliz, cotidiano e presente
É a surpresa do novo futuro
Quando?????
18.6.09
Yesterday...
"Por favor, não vá ainda, me espera anoitecer...." Zélia Duncan
Personagem que achava que a poesia era ele. Eram eles dois. Juntos.
Na cadência da paixão, da loucura, da inconsequência de segundos que pareciam versos.
Ele achava que o céu era mais azul, que as palavras eram mais doces.
Que a água tinha sabor e que a vida era só sede....
Ele achava que a vida era uma rima com seu outro eu, calado, quieto, quase recluso.
Ele achava que a vida era literatura. Que o sonho era possível.
Ele achava que, como um milagre, o amor faria o mar de distância virar deserto.
Só que os versos continuam sem ele. Sem amor. Sem paixão. Só história.
Só que ele continua em outras rimas, outros climas, outras dores.
Os caminhos, esses sim, divididos..... Mas não se vá.... fica aqui, agarrado, nessa memória tão viva, tão perfeita. Valor. Passado. Amor. Presente.
" Baby, honey Baby.... Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão"
Personagem que achava que a poesia era ele. Eram eles dois. Juntos.
Na cadência da paixão, da loucura, da inconsequência de segundos que pareciam versos.
Ele achava que o céu era mais azul, que as palavras eram mais doces.
Que a água tinha sabor e que a vida era só sede....
Ele achava que a vida era uma rima com seu outro eu, calado, quieto, quase recluso.
Ele achava que a vida era literatura. Que o sonho era possível.
Ele achava que, como um milagre, o amor faria o mar de distância virar deserto.
Só que os versos continuam sem ele. Sem amor. Sem paixão. Só história.
Só que ele continua em outras rimas, outros climas, outras dores.
Os caminhos, esses sim, divididos..... Mas não se vá.... fica aqui, agarrado, nessa memória tão viva, tão perfeita. Valor. Passado. Amor. Presente.
" Baby, honey Baby.... Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão"
13.6.09
Just the way you are...
Em qualquer fresta, o sol invade.
E, de repente, é como um céu
Todo um borrão, inusitado, inesperado...
É o telefone que toca .
É a mensagem que brilha.
É o contexto que lembra...
O coração palpita no ritmo de raios de luz...
É a voz que ecoa, como reflexos de espontâneos sorrisos...
É a música de vida a cada instante...
Que traz o máximo no segundo não previsto....
Não preservado, não preterido...
Somente vivido...
"I need to know that you will always be
The same old someone that I knew
What will it take till you believe in me
The way that I believe in you"
Just the way you are, Billy Joel/Diana Krall
E, de repente, é como um céu
Todo um borrão, inusitado, inesperado...
É o telefone que toca .
É a mensagem que brilha.
É o contexto que lembra...
O coração palpita no ritmo de raios de luz...
É a voz que ecoa, como reflexos de espontâneos sorrisos...
É a música de vida a cada instante...
Que traz o máximo no segundo não previsto....
Não preservado, não preterido...
Somente vivido...
"I need to know that you will always be
The same old someone that I knew
What will it take till you believe in me
The way that I believe in you"
Just the way you are, Billy Joel/Diana Krall
9.6.09
Amor platônico...
Como um delicioso aperitivo, o outro "desconhecido" aparece.
Ao ouvir a pergunta, reconhece a voz... os olhos, fugidios, correm o outro corpo de baixo para cima.
Responde, desconcertada, como criança fazendo arte.
E levanta. Tenta disfarçar. Vira as costas. Tenta se refazer.
Ela se despede e o outro sorri. Inocentemente. Ignora o leve rubor na face dela.
Volta ao computador. Ela é só sorrisos inertes.
------ // -----------------
Passado o momentâneo delírio apaixonado pueril, volta à realidade: pagar as contas.
Vai "pulando" e cantarolando pelos corredores. Abre a porta do hall. Corre para a porta do elevador aberta.
Alguém vem vindo, segura o elevador. Quando olha de novo, o outro "desconhecido" está junto.
Enterra o sorriso no olhar, cabisbaixa. Ouve a conversa e quer sumir do elevador. Oito andares em rumo ao desespero.
Porta. E finalmente abre... Caminha.... Pagar a conta, pagar a conta, pagar a conta....
E, por favor, pensou ela, "não olhe para trás".....
Ah, esses sorrisos....
Ao ouvir a pergunta, reconhece a voz... os olhos, fugidios, correm o outro corpo de baixo para cima.
Responde, desconcertada, como criança fazendo arte.
E levanta. Tenta disfarçar. Vira as costas. Tenta se refazer.
Ela se despede e o outro sorri. Inocentemente. Ignora o leve rubor na face dela.
Volta ao computador. Ela é só sorrisos inertes.
------ // -----------------
Passado o momentâneo delírio apaixonado pueril, volta à realidade: pagar as contas.
Vai "pulando" e cantarolando pelos corredores. Abre a porta do hall. Corre para a porta do elevador aberta.
Alguém vem vindo, segura o elevador. Quando olha de novo, o outro "desconhecido" está junto.
Enterra o sorriso no olhar, cabisbaixa. Ouve a conversa e quer sumir do elevador. Oito andares em rumo ao desespero.
Porta. E finalmente abre... Caminha.... Pagar a conta, pagar a conta, pagar a conta....
E, por favor, pensou ela, "não olhe para trás".....
Ah, esses sorrisos....
3.6.09
Não, não vou me perder
Não, não vou te perder.
Não vou me trair.
Não vou te ligar.
E não vou mentir.
Não fico e não quero ver.
Nesse seus lindos lábios , fica a noite, o sonho.
No toque do telefone. A realidade. O replay sem saudade.
Não, não vou te seguir.
Não vou te pedir. Não vou te levar.
Ao insistir, eu olho, eu vou...
Só um adeus pode gravar.
Seus lindos lábios na memória.
Seu gosto no desejo.
Sua promessa no ontem.
Não, não vou me perder.
Não vou te trair.
Não vou me ligar a você.
E vou partir.
Não vou me trair.
Não vou te ligar.
E não vou mentir.
Não fico e não quero ver.
Nesse seus lindos lábios , fica a noite, o sonho.
No toque do telefone. A realidade. O replay sem saudade.
Não, não vou te seguir.
Não vou te pedir. Não vou te levar.
Ao insistir, eu olho, eu vou...
Só um adeus pode gravar.
Seus lindos lábios na memória.
Seu gosto no desejo.
Sua promessa no ontem.
Não, não vou me perder.
Não vou te trair.
Não vou me ligar a você.
E vou partir.
31.5.09
Personagem....
Que não gosta de levantar bandeiras. Que não quer se esconder em grupo de opinião. De ninguém. Que quer o direito de mudar a todo instante. Que quer que a palavra não seja uma sentença. Que o momento não seja nem ópio, nem morfina.
Que a dor veja num círculo vicioso de prazer. Que o sorriso seja aliado da tristeza, no remexer de instantes que se completam. Que as músicas toquem. Iguais. Diferentes. Mas que existam, cada uma a sua beleza.
"Because this is what I wanna do....."
Com saudade do branco que pode ser tudo. Que é paz. Que é reflexo total. Que é controle de imagem. Que é palco para sombra. Que é oposto de todo um imaginário roubado... preenchimento de céu em fofas ilusões de momento.....
Repetitivo, mas essa é a verdadeira forma de encontrar um personagem que já foi real em toda sua confusão.
Porque, em nenhum instante, esse personagem vai se trair...
"Não, não vou te trair"...
Que a dor veja num círculo vicioso de prazer. Que o sorriso seja aliado da tristeza, no remexer de instantes que se completam. Que as músicas toquem. Iguais. Diferentes. Mas que existam, cada uma a sua beleza.
"Because this is what I wanna do....."
Com saudade do branco que pode ser tudo. Que é paz. Que é reflexo total. Que é controle de imagem. Que é palco para sombra. Que é oposto de todo um imaginário roubado... preenchimento de céu em fofas ilusões de momento.....
Repetitivo, mas essa é a verdadeira forma de encontrar um personagem que já foi real em toda sua confusão.
Porque, em nenhum instante, esse personagem vai se trair...
"Não, não vou te trair"...
28.5.09
A saúde não começa em casa, mas a pressão está boa...
Ele chega ao trabalho sentindo um leve incômodo no pé direito. Logo se lembra de um copo quebrado no dia anterior que, achou, não tinha causado mais infortúnios. Como tem todo o dia pela frente e está sem cartão do plano de saúde, na hora do almoço, resolve ir, pela primeira vez,ao Posto de Atendimento do organismo de saúde, em Brasília, onde trabalha.
Chega, ainda no corredor, e pergunta onde pode ser atendido, afirmando que, talvez, tenha um caco de vidro no pé. Uma simpática senhora pede que ele se encaminhe ao atendimento, “depois da garrafa d´água”.
Ele entra, narra, novamente, a história do copo quebrado, do caco de vidro que talvez tenha ficado no pé dele etc. Uma senhora, calmamente, pergunta se tem ficha de atendimento. Responde que não. Ela pergunta se ele nunca foi atendido lá. “Só vacina”, responde ele. Ela o encaminha ao atendimento, de volta à entrada, para fazer ficha.
Lá vai ele, mancando. Balcão de atendimento: onde trabalha; qual o ramal; endereço; vínculo; qual a sigla de onde trabalha.... Responde.
É, então, encaminhado para a enfermagem, novamente. Ele senta, ela pede seu telefone, data de nascimento. Responde. Começa tirando a pressão dele; ótima. É então enviado para a médica, mais para frente no corredor. Ele chega lá!
Três trabalhadores para serem atendidos. Os dois entram, ele aguarda. A moça do atendimento pede para ele se manifestar, caso a médica termine de atender o paciente, porque ela vai almoçar. Tranquilo.
Daqui a pouco, sai o paciente e ele entra. A médica olha a ficha, recém-feita, pergunta o que ele está sentindo. Conta mais uma vez. Então, ela começa a procurar um livro “o código tem de ser preenchido corretamente”. “Vidro, né?”. “Pé direito, no dedo?”. Responde. Ela procura o tal código no livro. Ela rabisca o papel, carimba e diz que vai levá-lo para as enfermeiras porque não pode ajudar. Não olhou o pé dele.
Ele é levado de volta para a sala das enfermeiras. Elas cochicham alguma coisa, a enfermeira diz que também não pode ajudá-lo em nada, se ele não está vendo o vidro, ela também não pode ajudar: “não tenho lupa”. Médica e enfermeia discutem um pouco, amistosamente. Chegam à conclusão de que é melhor ele ir para o atendimento do plano de saúde dele, porque a emergência do plano poderá ajudar...
Enquanto elas ainda discutem, meia hora depois, ele agradece e diz que vai realmente procurar o plano de saúde. Ninguém olhou o pé dele. E ele achou melhor nem pedir, afinal, “elas não podiam ajudar mesmo”. Mas a pressão dele está boa!
Chega, ainda no corredor, e pergunta onde pode ser atendido, afirmando que, talvez, tenha um caco de vidro no pé. Uma simpática senhora pede que ele se encaminhe ao atendimento, “depois da garrafa d´água”.
Ele entra, narra, novamente, a história do copo quebrado, do caco de vidro que talvez tenha ficado no pé dele etc. Uma senhora, calmamente, pergunta se tem ficha de atendimento. Responde que não. Ela pergunta se ele nunca foi atendido lá. “Só vacina”, responde ele. Ela o encaminha ao atendimento, de volta à entrada, para fazer ficha.
Lá vai ele, mancando. Balcão de atendimento: onde trabalha; qual o ramal; endereço; vínculo; qual a sigla de onde trabalha.... Responde.
É, então, encaminhado para a enfermagem, novamente. Ele senta, ela pede seu telefone, data de nascimento. Responde. Começa tirando a pressão dele; ótima. É então enviado para a médica, mais para frente no corredor. Ele chega lá!
Três trabalhadores para serem atendidos. Os dois entram, ele aguarda. A moça do atendimento pede para ele se manifestar, caso a médica termine de atender o paciente, porque ela vai almoçar. Tranquilo.
Daqui a pouco, sai o paciente e ele entra. A médica olha a ficha, recém-feita, pergunta o que ele está sentindo. Conta mais uma vez. Então, ela começa a procurar um livro “o código tem de ser preenchido corretamente”. “Vidro, né?”. “Pé direito, no dedo?”. Responde. Ela procura o tal código no livro. Ela rabisca o papel, carimba e diz que vai levá-lo para as enfermeiras porque não pode ajudar. Não olhou o pé dele.
Ele é levado de volta para a sala das enfermeiras. Elas cochicham alguma coisa, a enfermeira diz que também não pode ajudá-lo em nada, se ele não está vendo o vidro, ela também não pode ajudar: “não tenho lupa”. Médica e enfermeia discutem um pouco, amistosamente. Chegam à conclusão de que é melhor ele ir para o atendimento do plano de saúde dele, porque a emergência do plano poderá ajudar...
Enquanto elas ainda discutem, meia hora depois, ele agradece e diz que vai realmente procurar o plano de saúde. Ninguém olhou o pé dele. E ele achou melhor nem pedir, afinal, “elas não podiam ajudar mesmo”. Mas a pressão dele está boa!
19.5.09
Estranha ânsia...
Estranha ânsia do ser humano de amar e ser amado.
Tão difícil o compromisso com o gozo, porque ele passa e o exercício do momento seguinte é desafiador.
Personagem que quer correr além dos radares, que quer ser pessoal, quer ser espontâneo, mesmo remando contra a maré.
Para que flores se ali os falsos escondem os espinhos?
Melhor dores que exorcizam o sofrimento de não ser no segundo exato de si mesmo.
Estranha ânsia do ser humano de compreender.
De ver com o próprio olhar.
Quando ver um lado nada mais é do que cegueira para imensidão......
Personagem que cansa de ver, somente, o(s) outro(s) lados(s).
Não quer ver o lado, cansado, de quem vê o referido passado.
Os que mentem. Que sugam energia. Que parasitam a espontaneidade da vida.
Quer ver o náufrago eu, de tanta lamúria, tanta injúria.
Hipocrisia sem rima.....
Estranha subsistência de ver tudo...
Mas respirar acima da maré de suposições....
De respeitar o cansaço do repetido perdão.
Estranha ânsia de um personagem de se amar.
Mesmo amando ao mundo....
Tão difícil o compromisso com o gozo, porque ele passa e o exercício do momento seguinte é desafiador.
Personagem que quer correr além dos radares, que quer ser pessoal, quer ser espontâneo, mesmo remando contra a maré.
Para que flores se ali os falsos escondem os espinhos?
Melhor dores que exorcizam o sofrimento de não ser no segundo exato de si mesmo.
Estranha ânsia do ser humano de compreender.
De ver com o próprio olhar.
Quando ver um lado nada mais é do que cegueira para imensidão......
Personagem que cansa de ver, somente, o(s) outro(s) lados(s).
Não quer ver o lado, cansado, de quem vê o referido passado.
Os que mentem. Que sugam energia. Que parasitam a espontaneidade da vida.
Quer ver o náufrago eu, de tanta lamúria, tanta injúria.
Hipocrisia sem rima.....
Estranha subsistência de ver tudo...
Mas respirar acima da maré de suposições....
De respeitar o cansaço do repetido perdão.
Estranha ânsia de um personagem de se amar.
Mesmo amando ao mundo....
14.5.09
Perfeito
Solta as amarras para o deslize de dedos nervosos.
Ideias repetidas, frenéticas.
Solta o sonho que é tão bom.
Por vezes, já melhor que a promessa.....
Solta as amarras para o sentimento que vibra...
Paixão que estoura meses de inércia...
Amor próprio que diz enough......
Lá se foi você, meu carrasco, meu capacho.
É o meu perdão.
Dos outros olhos, vem a minha força.
É a possibilidade de descontrole.
É o medo da loucura.
É o gozo no olhar, no toque, no cheiro de loucura iminente.
A todo instante.
E eu nem preciso dizer.
Não quero. Não sei.
Não penso, logo vivo.....
E ardo nesse seu sorriso.
Perfeito.
Ideias repetidas, frenéticas.
Solta o sonho que é tão bom.
Por vezes, já melhor que a promessa.....
Solta as amarras para o sentimento que vibra...
Paixão que estoura meses de inércia...
Amor próprio que diz enough......
Lá se foi você, meu carrasco, meu capacho.
É o meu perdão.
Dos outros olhos, vem a minha força.
É a possibilidade de descontrole.
É o medo da loucura.
É o gozo no olhar, no toque, no cheiro de loucura iminente.
A todo instante.
E eu nem preciso dizer.
Não quero. Não sei.
Não penso, logo vivo.....
E ardo nesse seu sorriso.
Perfeito.
9.5.09
Bilhetinho sem cor...
Deixei um bilhetinho.
A mais linda caligrafia.
Você existe, meu bem?
Todo quadradrinho o papel sem jeito.
Esmeiro na letra do tímido personagem.
Sem palavras para dizer o coração.
Sem coragem para escrever; amor.
Deixei um bilhetinho.
Vazio, sem cor.
Você exige, para o meu bem, meu maior amor?
Volto, mas não me engane.
Adresse meu perdido ao seu labor.
A mais linda caligrafia.
Você existe, meu bem?
Todo quadradrinho o papel sem jeito.
Esmeiro na letra do tímido personagem.
Sem palavras para dizer o coração.
Sem coragem para escrever; amor.
Deixei um bilhetinho.
Vazio, sem cor.
Você exige, para o meu bem, meu maior amor?
Volto, mas não me engane.
Adresse meu perdido ao seu labor.
4.5.09
Cinza: bondade além...
Um personagem que volta a enxergar a bondade humana em pequenos gestos sem interesse. Um personagem que volta a achar lindo o "boa noite" da moça que trabalha - é explorada - onze horas por dia em um posto de gasolina, ainda ouvindo piadas machistas....
Bondade que puxa memória e lembra que, todos os dias, todos os personagens têm a chance de olhar o sol invadir, com vida, cada ser, "energia D" na pele, no suor do equilíbrio da vida, de cada gesto que faz alguém parar e lembrar que os segundos não são momentos consecutivos sem sentido algum......
Não que haja um sentido só. Uma verdade específica. Mas há um todo além do vazio da cegueira rancorosa, magoada, frustada e infeliz..... Too much para uma frase só. Para um louco e renascido personagem.
Como uma tela de tv. Desligada. Refletindo tudo que se pode fazer no além quatro paredes. E eu falo de orgasmos espirituais, eu falo de todas as possibilidades que o sonho oferece e de todas as chances de buscar....o que quer que seja.....
Um personagem que assiste a este espetáculo. Todos os dias. Em cada "bom dia", realmente amistoso, da vendedora de rua.
Personagem que quer ser prisma e voltar a exalar possibilidades por todas as direções. Personagem que quer arrancar de si o discurso monossêmico e dominador, sombra de passado arrastado em países, relações e memória.
Personagem que sabe que a sombra nem sempre é ruim, mas que é cópia inversa, mentirosa, em seu reflexo que aparece de forma intermitente, enganando os meandros da luz....Because the word is shade, not shadow......
Bondade que puxa memória e lembra que, todos os dias, todos os personagens têm a chance de olhar o sol invadir, com vida, cada ser, "energia D" na pele, no suor do equilíbrio da vida, de cada gesto que faz alguém parar e lembrar que os segundos não são momentos consecutivos sem sentido algum......
Não que haja um sentido só. Uma verdade específica. Mas há um todo além do vazio da cegueira rancorosa, magoada, frustada e infeliz..... Too much para uma frase só. Para um louco e renascido personagem.
Como uma tela de tv. Desligada. Refletindo tudo que se pode fazer no além quatro paredes. E eu falo de orgasmos espirituais, eu falo de todas as possibilidades que o sonho oferece e de todas as chances de buscar....o que quer que seja.....
Um personagem que assiste a este espetáculo. Todos os dias. Em cada "bom dia", realmente amistoso, da vendedora de rua.
Personagem que quer ser prisma e voltar a exalar possibilidades por todas as direções. Personagem que quer arrancar de si o discurso monossêmico e dominador, sombra de passado arrastado em países, relações e memória.
Personagem que sabe que a sombra nem sempre é ruim, mas que é cópia inversa, mentirosa, em seu reflexo que aparece de forma intermitente, enganando os meandros da luz....Because the word is shade, not shadow......
29.4.09
Você e seu sorriso...
Você e seu sorriso vêm trair as certezas do não querer.
Você e suas ilusões vêm amarrar o controle ao infinito.
Você e sua ausência vêm com suplício e como salvação ...
Danação de promessa....
Você e suas próprias dores.
Tão cheias de cores aos meus olhos, atento personagem.
Dissimulo o arco-íris do seu corpo no meu torpor memória.
Fujo desse sorriso a cuidar de mim como tolo de pathos.
Diagnóstico de vida.
Você e tudo que agora não quero ser.
Não quero ter.
Não quero repetir.
Para não ver a dor de partir.
Coração e presença.
Mas já não há querer.
É um personagem em devaneios....
Você e seu sorriso vêm trair as certezas do não querer.....
Você e suas ilusões vêm amarrar o controle ao infinito.
Você e sua ausência vêm com suplício e como salvação ...
Danação de promessa....
Você e suas próprias dores.
Tão cheias de cores aos meus olhos, atento personagem.
Dissimulo o arco-íris do seu corpo no meu torpor memória.
Fujo desse sorriso a cuidar de mim como tolo de pathos.
Diagnóstico de vida.
Você e tudo que agora não quero ser.
Não quero ter.
Não quero repetir.
Para não ver a dor de partir.
Coração e presença.
Mas já não há querer.
É um personagem em devaneios....
Você e seu sorriso vêm trair as certezas do não querer.....
24.4.09
In the middle of a good dream...
"Eu hoje represento a loucura
Mais o que você quiser
Tudo que você vê sair da boca
De uma grande mulher
Porém louca!
Eu hoje represento o segredo
Enrolado no papel
Como Luz del Fuego
Não tinha medo
Ela também foi pro céu, cedo!"
Luz del Fuego, maravilhosa canção na voz de Cássia Eller....
Um personagem acordando de um longo e tenebroso inverno..... A energia vem tão intensa que a mente arde, assustada, que toda a paixão se esvaia e exploda em um cometa de ilusões e expectativas aprisionadas.....
Só os delírios da paixão fazem do céu escuro, cheio de nuvens, uma cama de sonhos, recheados de uma tal liberdade, sem igual, que nem a rotina suprime.... a liberdade da escolha, da novidade em você mesmo, a liberdade de ser o caótico cotidiano por um momento, a liberdade de experimentar o além planejado, a liberdade de insistir na inconsciência consciente......
"Im not afraid to say...I've had my ups and downs....."*
Personagem com o coração vibrando forte na mesma sintonia da música alta, explodindo coração. Daqueles momentos-cometa. Sem letras, sem fala, sem grandes expectativas, só o mágico momento do sair do coma e olhar ao redor, olhar para o céu e....Gosh, o mundo está ali, lindo como sempre......Ninguém sabe como, ninguém viu......
Um personagem que não arde a falta de si mesmo. Que se reconhece e se multiplica no suspiro de saudade de cada amor. Cada amigo. Cada dor. Seu próprio umbigo verdadeiro.....
"Now, Im standing in the middle of a good dream....."*
* "Further down the road" - Bernard Fanning
Mais o que você quiser
Tudo que você vê sair da boca
De uma grande mulher
Porém louca!
Eu hoje represento o segredo
Enrolado no papel
Como Luz del Fuego
Não tinha medo
Ela também foi pro céu, cedo!"
Luz del Fuego, maravilhosa canção na voz de Cássia Eller....
Um personagem acordando de um longo e tenebroso inverno..... A energia vem tão intensa que a mente arde, assustada, que toda a paixão se esvaia e exploda em um cometa de ilusões e expectativas aprisionadas.....
Só os delírios da paixão fazem do céu escuro, cheio de nuvens, uma cama de sonhos, recheados de uma tal liberdade, sem igual, que nem a rotina suprime.... a liberdade da escolha, da novidade em você mesmo, a liberdade de ser o caótico cotidiano por um momento, a liberdade de experimentar o além planejado, a liberdade de insistir na inconsciência consciente......
"Im not afraid to say...I've had my ups and downs....."*
Personagem com o coração vibrando forte na mesma sintonia da música alta, explodindo coração. Daqueles momentos-cometa. Sem letras, sem fala, sem grandes expectativas, só o mágico momento do sair do coma e olhar ao redor, olhar para o céu e....Gosh, o mundo está ali, lindo como sempre......Ninguém sabe como, ninguém viu......
Um personagem que não arde a falta de si mesmo. Que se reconhece e se multiplica no suspiro de saudade de cada amor. Cada amigo. Cada dor. Seu próprio umbigo verdadeiro.....
"Now, Im standing in the middle of a good dream....."*
* "Further down the road" - Bernard Fanning
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